Parada Gay 2007

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Parada Gay 2007

Quarta, 6 de junho de 2007, 08h21  Atualizada às 14h29

André Fischer: "Tem briga na parada por causa dos heterossexuais"

Alexsandra Bentemuller
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A presença de heterossexuais estimula a violência na Parada Gay?

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O jornalista carioca André Fischer, do Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual, afirmou que a presença dos heterossexuais durante a comemoração da Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros) incita à violência.

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"Em lugares (de freqüência) gay não têm briga. A verdade é que tem briga na parada por causa dos heterossexuais. Não estou exagerando. Lugar com heterossexual tem sim confusão. Essa é a verdade", afirmou.

Nesta entrevista ao Terra, Fischer critica algumas condutas do movimento gay. "A violência está na sociedade. O que não pode é vitimizar-se. A homofobia existe e precisa ser combatida. Mas não dá para assumir uma postura de coitados. Não somos os únicos que apanham", disse.

A 11ª Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros) acontece no próximo dia 10 na av. Paulista, em São Paulo. Esse ano, o tema é Por um mundo sem racismo, machismo e homofobia. "O tema trata de questões distintas. Equipara a homofobia ao racismo. Achei muito positivo", garante Fischer.

O que você acha errado no movimento gay?
A militância na parada, por exemplo, não me incomoda. A violência está na sociedade. O que não pode é vitimizar-se. A homofobia existe e precisa ser combatida. Mas não dá para assumir uma postura de coitados. Não somos os únicos que apanham. Fico incomodado com isso. Não é por aí.

E os casos de violência contra gays que já ocorreram durante a parada?
Não existem brigas em lugares gays. A verdade é que ocorre briga na parada por causa dos heterossexuais. Não estou exagerando. Lugar com heterossexual tem sim confusão. Essa é verdade. Não havia violência quando a parada era uma festa exclusiva da comunidade gay. Não tem como controlar a violência. Está mais ligada ao tamanho do evento e não ao caráter dele. Em qualquer festa popular acontece isso.

Alguns grupos consideram que a Parada do Orgulho GLBT virou um oba-oba e perdeu o enfoque da militância gay. O que você acha disso?
A Parada Gay de São Paulo é a maior do mundo por causa sim do oba-oba. As pessoas aparecem por causa da festa. É obvio que a gente perdeu um pouco do caráter militante, mas ganhamos na visibilidade. É um equilíbrio. O público que vai à parada simplesmente para curtir a festa não está deixando de apoiar a causa gay.

Buenos Aires faz uma parada gay mais militante que São Paulo. O que você acha disso?
Sim, é uma parada mais militante. Mas só 15 mil pessoas participam do evento. E não sai desse número há muito tempo. Lá, não há festa.

Como você curte a parada gay?
Agora, gosto de escolher um ponto fixo na Paulista e assistir aos desfiles do trio. É muito mais divertido. Você tem uma visão ampla. Em cima de um trio elétrico, você não se dá conta da quantidade de gente diferente que passa. Ao mesmo tempo, é bem chato se movimentar na parada por causa da quantidade de gente aglomerada.

Como será sua participação este ano no evento?
Tenho um camarote embaixo do MASP em parceira com a Prefeitura de São Paulo. Vou chegar às 10h e ir embora só quando acabar mesmo.

Você acredita que o Festival Mix Brasil ajudou a fortalecer a causa gay?
Sem dúvida. O festival existe há 15 anos. É um precursor disso tudo que vemos hoje. Começou num momento de vácuo, sem militância. Com o Mix Brasil voltamos a falar da diversidade cultural.

O que você achou do tema da parada para deste ano?
Muito positivo. O tema inclui questões distintas além da homofobia. Equipara a homofobia ao racismo, por exemplo. Acho apenas que a aceitação do movimento gay poderia ser mais rápida. No Brasil, é muito atrasado. Mas não dá para negar que essa mudança já esteja acontecendo no nosso País.

Redação Terra