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Sábado, 15 de abril de 2006, 10h01 
Marisa Orth: "O trabalho em Bang Bang degringolou"
 
Luiz Almeida
 
Jorge Rodrigues Jorge/TV Press
Marisa Orth vive a Úrsula Lane na novela  Bang Bang , da Globo
Marisa Orth vive a Úrsula Lane na novela Bang Bang, da Globo
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Marisa Orth não gosta de fazer rodeios. Responde de maneira direta cada uma das perguntas. Por isso, não esconde que estar na "pele" da beata Úrsula Lane da novela Bang Bang tem sido motivo de algumas alegrias e de muitas tristezas.

Leia o resumo de Bang Bang

Sem papas na língua, ela conta que as diversas "turbulências" que atingiram a trama foram uma grande decepção. "Não tivemos nenhum atrito na equipe. Mas a saída repentina do Mário Prata fez com que o trabalho degringolasse, já que os capítulos estão sempre atrasados", reclama. Já a maior recompensa foi poder contracenar com atores como Ney Latorraca e Joana Fomm, com quem nunca havia trabalhado. "Quase trabalhei com o Ney em TV Pirata, mas ele já havia saído quando eu entrei. E Joana serviu até de inspiração, pois ela foi maravilhosa como a Perpétua em Tieta", comemora.

Apesar dos problemas e da correria das gravações, Marisa consegue enxergar momentos distintos de sua personagem na trama. Ela acredita que a entrada de Carlos Lombardi acabou fazendo com que Úrsula "saísse do armário" e se revelasse uma verdadeira devassa. Não por acaso, a beata passou a abusar das roupas sensuais. Mas a "sutil" mudança não alterou o tom radical e a maneira exagerada de Úrsula encarar a vida na fictícia Albuquerque. "Ela manteve a coerência de ser uma personagem bastante ousada. Se fosse surfista, iria pegar uma onda de dez metros e não uma marolinha", compara a atriz.

Com 16 anos de carreira na tevê - ela estreou em Rainha da Sucata, de 1990 -, Marisa conta que, apesar dos percalços, se divertiu bastante em dar vida à falsa beata. Em sua quarta novela, a atriz acredita que seu trabalho foi reconhecido. "As crianças me chamam de 'Urubúrsula'. Isso é legal, pois durante anos tenho sido chamada de Magda" conta, referindo-se a personagem do humorístico Sai de Baixo, que ficou seis anos na grade de programação da Globo.

Na reta final de Bang Bang, qual é o seu balanço da novela?
Foi interessantíssima de fazer. Na verdade, foi um projeto inesquecível por uma série de razões. A idéia original era ótima e a possibilidade de encontrar atores com quem nunca havia contracenado foi um dos melhores aspectos, além de ter passado por momentos de grande diversão. Apesar de todos os problemas, não houve nenhum atrito entre as pessoas que se dedicaram ao longo do tempo à novela. Tivemos, é claro, problemas com o autor, que nos deixou meio "frito" nas mãos da produção. Como não tínhamos os capítulos com antecedência, tudo ia se degringolando. Mas isso deu mais união à equipe. Foram, na verdade, muitas mudanças, mas tentamos fazer da melhor maneira possível.

Com a saída de Mário Prata e a entrada de Márcia Prates, não existiram muitas mudanças com sua personagem. Mas assim que Carlos Lombardi assumiu a trama, a Úrsula ganhou novos contornos...
Desde o início, eu "imprimi" uma personalidade forte à Úrsula. A caracterização sempre foi feita de maneira exagerada, já que a personagem pedia isso, beirando a caricatura. À medida que os autores foram sendo trocados, eles respeitavam a maneira que eu interpretava. Tanto que acredito que fui uma das que menos sofreu com as mudanças de autor. Agora para o final é que ela está se revelando uma grande devassa. Mas acho que isso era para acontecer mesmo, era até previsível a idéia de transformar aquela beata numa mulher mais ousada. Mas ela manteve a coerência. Mesmo tendo se transformado numa verdadeira devassa, como está acontecendo agora, ela continua sendo uma pessoa radical. Se ela precisa ser uma devassa, ela será a mais devassa. Se voltar a ser uma beata, será novamente das mais ferrenhas. Se fosse uma surfista, ela iria logo pegar uma onda de dez metros e não uma marolinha, pois não está de brincadeira, é tudo para valer. Por outro lado, porém, nunca havia feito uma devassa à la Lombardi, o que é bem interessante e uma boa descoberta.

E o que você destacaria de mais interessante numa devassa criada pelo Carlos Lombardi?
Reconhecidamente ele é anárquico, corajoso. Ao mesmo tempo, tem muito ritmo e humor, um estilo muito próprio. Não sei se ele está gostando ou não da minha interpretação, mas procuro fazer a Úrsula de uma forma um pouco crítica, colocando meus próprios comentários de atriz, seja através de gestos ou tom de voz. Além disso, sinto também que ele próprio coloca uma opinião no que escreve da personagem e procuro seguir esse caminho.

Além dos problemas com as trocas de autores, a novela também "patinou" na audiência. Você acredita que o público não se acostumou com o "universo" de faroeste?
Desde o início, a proposta era fazer um trabalho mais ousado, diferente. É claro que não é uma novela com mocinhos e vilões muito bem definidos. Assim que entrei, perguntei ao Ricardo Waddington se a Úrsula seria má ou boazinha. Ele, então, me disse que não existiriam personagens maus ou bons. Isso é um ataque aos paradigmas da teledramaturgia, que sempre se utiliza daqueles vários arquétipos. Acho que foi uma renovada. A proposta era inovadora, mas ao mesmo tempo velha, pois já não se fazem mais filmes sobre o Velho Oeste. Só lamento ela não ter sido mais crítica com a realidade brasileira, como citar os escândalos nacionais do "mensalão", por exemplo... Mesmo com tudo isso, acredito que atingimos marcas ótimas, embora não correspondesse com as médias do horário. Acho que o público gostou e está gostando sim da novela.

O atraso de capítulos e a rotina de corre-corre nas gravações de Bang Bang chegaram a atrapalhar muito?
Em termos de vida pessoal, é realmente horrível essa correria. Tudo é imprevisível. O filho tem de entender, os amigos e namorado também. Mas novelas são assim mesmo. Toda vez que a gente se propõe a fazê-las, damos "bye-bye", temos de nos desligar de vários compromissos e abdicar de muitas coisas.

É por isso que, ao longo de 16 anos de carreira na tevê, você fez apenas quatro novelas?
Novela é um trabalho absurdo, a gente tem que se dedicar por oito ou nove meses sem saber se vai dar certo ou não. É uma empreitada ousada, praticamente um internato. Por enquanto, quero dar um tempo, mas devo voltar a fazer. Já nos seriados e outros programas estive mais presente mesmo. É um tipo de trabalho mais bem cuidado. Acontece que as novelas dão uma repercussão muito maior junto ao público, o que é muito bom.

A Úrsula ajudou você a deixar de ser identificada como a Magda do Sai de Baixo, personagem que ¿encarnou¿ durante seis anos consecutivos?
É engraçado. Até hoje, algumas vezes, ainda me chamam de Magda, embora também já percebam que estou fazendo uma outra personagem. Mas desde a estréia da novela, as pessoas passaram a me associar à Úrsula e chamam pelo nome dela. As crianças, por exemplo, me chamam de "Urubúrsula". Isso é muito bom!

Você chegou a ter receio de que parte do público achasse que a Marisa Orth era uma mulher fútil e com um QI bem abaixo da média, por ter feito durante tanto tempo a Magda?
Receio eu não tive, porque fiquei realmente estigmatizada. Acontece, porém, que a Nicinha de Rainha da Sucata também marcou bastante e aconteceu a mesma coisa. Mas a Magda foi mais forte, foram vários anos. Agora, não me preocupo com isso, já que foi uma combinação de vários fatores para que eu ficasse marcada por essas duas personagens. Foram trabalhos que deram muito certo. Acredito que ainda tenho muitas outras personagens para interpretar na tevê e sei que vou ter outros papéis bacanas. Além disso, dá uma vontade maior de mostrarmos um outro lado, como acontece agora com a Úrsula em Bang Bang.

O que mais lhe agradava em fazer a Magda?
Foi maravilhoso fazer tevê no teatro. O que a gente percebia que dava certo lá no palco, com certeza também daria no Brasil inteiro. Além disso, o programa me deu uma cancha tremenda, já que a gente fazia uma peça por semana. Foi um doutorado em comédia, onde tive contato com grandes atores.

Você esteve à frente da primeira edição do ¿Big Brother Brasil¿ e também participou do Saia Justa, do GNT. O que achou dessas experiências?
O primeiro foi desastroso e desde o início sabia que não daria certo. Não sou apresentadora. Já o segundo foi muito bacana. Estava ali para debater, não era para apresentar. Gostei de mediar as discussões, ouvir os lados conflitantes. Percebi que sou uma boa mediadora e organizava bem as conversas.

Nas graças da comédia
A carreira de Marisa Orth na tevê é marcada por personagens bastante cômicas. Desde a estréia em Rainha da Sucata, de 1990, como a despudorada Nicinha, a atriz vem acumulando papéis com boa dose de humor. Não por acaso, Marisa também esteve no elenco da segunda temporada de TV Pirata, em 1991, além de ter emplacado a perua Valquíria em Deus Nos Acuda, de 1992. Isso sem esquecer, é claro, a obtusa e engraçada Magda em Sai de Baixo, papel que ela "encarnou" durante seis anos consecutivos. "No início tinha um certo preconceito, mas hoje percebi que sou uma boa atriz cômica", gaba-se.

A veia cômica de Marisa Orth, por sinal, também esteve presente nos mais variados trabalhos. É o caso, por exemplo, das participações especiais nos seriados Brava Gente, Os Normais, A Diarista e em Sob Nova Direção. Além dessas participações, a atriz também teve tempo para estar na novela Agora É Que São Elas, de 2003, na "pele" da exagerada Van Van, e na curta série Os Aspones, de 2004, onde dava vida à funcionária pública Anete. "Pena é que foi tão rápido. Só tenho boas recordações dos colegas de repartição. Foi um dos trabalhos mais difíceis para segurar o riso", destaca.

Marisa só não guarda boas lembranças da época em que apresentou a primeira edição do Big Brother Brasil, ao lado do jornalista Pedro Bial. A atriz ressalta que era uma trabalho fadado a não dar certo. Isso porque, desde o início, ela ponderava que acabaria realçando a formalidade de Bial, enquanto ele iria mostrar o quanto ela era informal na apresentação do programa. "Não estava preparada para aquilo. Além disso, dupla mesmo é Tom e Jerry, O Gordo e o Magro", compara.

Trajetória televisiva
# Rainha da Sucata (Globo, 1990) - Nicinha
# TV Pirata (Globo, 1991) - várias personagens # Deus nos Acuda (Globo, 1992) - Valquíria
# Sai de Baixo (Globo, 1996) - Magda Antibes
# Agora É Que São Elas (Globo, 2003) - Van Van
# Os Aspones(Globo, 2004) - Anete
# Bang Bang (Globo, 2005) - Úrsula Lane

Precoce obsessão
Desde pequena, Marisa Orth já tinha definido a profissão que seguiria ao longo da vida. Aos quatro anos de idade, conta, ela já pensava em ser atriz e não admitia que as amigas não quisessem seguir os mesmos passos. Marisa lembra que não acreditava quando as colegas diziam que seriam médicas, veterinárias ou teriam qualquer outra carreira. "Mas como? Achava que estavam mentindo! Na infância cheguei até a brigar com algumas delas", recorda, entre risos.

Apesar de se considerar atriz desde pequena, Marisa somente passou a se dedicar ao teatro quando ingressou, no final da adolescência, na Escola de Arte Dramática, da USP. Mesmo assim, na hora de prestar vestibular, ela foi obrigada escolher uma profissão, já que era uma exigência dos pais, que lhe cobravam um diploma universitário. Marisa não titubeou e passou a cursar Psicologia na Pontifícia Universidade Católica paulista, levando o curso aos trancos e barrancos. "Foram sete anos na faculdade para me formar e, como eu sabia, nunca cheguei a trabalhar como psicóloga. Meu lugar era nos palcos", ressalta.

Os palcos, aliás, estão presentes na vida de Marisa de duas formas bem distintas. Além de trabalhar como atriz, ela também passou a se dedicar à música. Na segunda metade da década de 80, Marisa fez parte do grupo Luni. Desde os anos 90, ela tem dividido os papéis no teatro, na tevê e no cinema com a banda Vexame, que faz irreverentes versões da música chamada 'brega'. "Vamos voltar agora em junho com o Vexame. Mas confesso que canto muito pior do que interpreto", entrega.
 

TV Press
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