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Entrevistas
Sábado, 25 de março de 2006, 11h37  Atualizada às 12h39
Patrícia Pillar fala sobre novela, cinema e Waldick Soriano
 
Diogo de Oliveira
 
Luiza Dantas/Carta Z/TV Press
Patrícia Pillar comemora novo papel em Sinhá Moça
Patrícia Pillar comemora novo papel em "Sinhá Moça"
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Os traços finos e o porte elegante têm um efeito explícito na carreira de Patrícia Pillar: a atriz é sempre chamada para integrar tramas de época. Caso do remake de Sinhá Moça, de Benedito Ruy Barbosa na Globo, em que ela faz a Dona Cândida. Em entrevista ela fala sobre a novela, cinema e seu novo trabalho: documentário sobre Waldick Soriano.

Veja fotos!

Em pouco mais de 20 anos fazendo TV, teatro e cinema, Patrícia acumulou considerável bagagem de novelas que contam histórias passadas. De tão habituada a este tipo de produção, a própria atriz reconhece esta sina e se diverte ao enumerar os trabalhos já realizados.

"Nossa, no cinema eu fiz O Quatrilho, O Monge e a Filha do Carrasco, Amor & Cia. Na TV, logo no início da carreira fiz a primeira versão de Sinhá Moça e Salomé. Estou até acostumada a sentir esse calorzão dos figurinos!", conta Patrícia, aos risos.

Coincidência ou não, seu último trabalho na televisão foi em 2004, na também épica Cabocla ¿ outra trama de Benedito Ruy Barbosa. Curiosamente, suas personagens de Cabocla e Sinhá Moça, a Emerenciana e a Dona Cândida, respectivamente, têm personalidades muito diferentes, mas uma vida parecidíssima: ambas vivem em ambientes rurais e são casadas com coronéis que disputam o poder dentro e fora dos limites de suas fazendas.

Se o enredo do autor tem o tempero ao gosto de Patrícia, os figurinos usados nas cenas são considerados pela atriz o "toque de magia" dessas produções.

"Essas roupas são lindas! Dá um trabalho danado colocá-las, mas é muito bonito. Aliás, não só a roupa, mas a época é belíssima!", derrete-se.

Fora da televisão, Patrícia é destaque também nos cinemas. A atriz está em cartaz na comédia brasileira Se Eu Fosse Você, de Daniel Filho, na pele da Dra. Cris.

Mas o trabalho mais esperado por Patrícia é, sem dúvida, o filme Zuzu Angel. Nele, a atriz dará vida à personagem-título do longa-metragem.

Previsto para estrear em agosto, o filme de Sérgio Rezende conta a saga da primeira estilista de moda brasileira reconhecida internacionalmente.

"A Zuzu Angel é, sem dúvida, a personagem mais difícil que eu já interpretei até hoje em toda a minha carreira", afirma a atriz.

Você participou da primeira versão de Sinhá Moça, em 1986. Como é estar no remake da mesma trama, 20 anos depois?

É muito bacana! A base da trama é a mesma, mas naquela época eu interpretei outra personagem. Então são dois trabalhos diferentes. Além disso, direção e elenco eram outros. Acho que esta nova versão é, na verdade, um olhar diferente sobre a mesma obra, de 20 anos atrás. A atual equipe tem qualidade, os atores são maravilhosos. Uma parte do elenco, inclusive, era da novela Cabocla, meu trabalho mais recente na TV. Então, é um pessoal com que eu já estou familiarizada. Existe uma intimidade que ajuda. Fora que este é mais um texto do Benedito Ruy Barbosa, autor por quem tenho grande admiração. Ele constrói diálogos maravilhosos! É muito gostoso de interpretar. E a história de Sinhá Moça é envolvente.

Na Sinhá Moça de 1986, você interpretou a misteriosa Ana do Véu. Como foi viver essa personagem na época?

Olha, era uma diversão porque a personagem era uma menina que estava prometida a um rapaz que nem conhecia. O pai da Ana, em retribuição a um favor, prometeu-a para o filho de Fontes, Rodolfo. Só que o rapaz foi para a capital estudar. Então, ela ficou confinada sob o véu para não despertar o interesse em ninguém. O tempo foi passando, ela virou moça, mas sua percepção das coisas permaneceu infantil. É como se a Ana tivesse uma curiosidade enorme pelas coisas e a ingenuidade característica de uma criança.

Para você, qual a melhor coisa de fazer novelas de época?

Acho interessantíssimo o processo de produção como um todo. Os atores, equipe de produção e os telespectadores, todos entram em contato com o comportamento de uma época distante, um mundo totalmente fora do contexto atual. Então, o trabalho acaba se tornando uma oportunidade de estudar e conhecer um pouquinho mais a nossa história. Retratar um período rico da vida do país, com seus problemas e mazelas e, ao mesmo tempo, com o seu romantismo, é um trabalho que dá gosto. Quer dizer, existem vários aspectos que se somam. Acho isso fascinante! E com essas mesas de café da manhã tradicionais das novelas do Benedito Ruy Barbosa, é uma tentação louca! Tem muito doce bom, muito bolo...

Você participou também da primeira versão de Sinhá Moça. Há diferenças na construção da trama feita por Benedito Ruy Barbosa e, agora, pelas duas filhas do autor?

É muito difícil comparar as duas versões. Já faz 20 anos! Me recordo que a história era emocionante. Acho que as tramas podem mudar um pouquinho, mas o tema continuará o mesmo. Não consigo perceber as mudanças que ocorrem agora. As histórias certamente devem até estar mais bem-elaboradas. Eu acho que olhar de hoje proporciona essa evolução. Vou dar um exemplo: a imagem que eu consigo ter da obra é como se ela fosse a pintura de uma paisagem e o seu criador, um pintor pincelando aquele quadro. Só que 20 anos depois, o pintor não é o mesmo. Ele carrega consigo outros valores e ideais. Então, quando o pintor volta àquele quadro, provavelmente não pintará aquela paisagem da mesma maneira.

Que característica mais atrai você na sua personagem, a Cândida?

Eu vejo nela um mundo interior forte, misturado com um comportamento da época, de educação refinada, mas aparentemente leve. É um mundo assim, digamos, superficial. Essa mistura é o que acho o ponto mais interessante. Esse interior cheio de contradições, de vontades... Ao mesmo tempo, um comportamento totalmente voltado para o social, mantendo, porém, uma vida discreta dentro daquela sociedade. Essa dualidade, essa ambigüidade é uma característica muito marcante dela.

Você precisou fazer algum tipo de preparação especial para este trabalho?

Eu fiz umas aulas de balé clássico. Achei que tinha a ver, principalmente, em relação à postura em cena. Coletivamente, nós do elenco fizemos umas aulas de como se comia à mesa, de como se servia. Enfim, uma espécie de curso de etiqueta da época. Para completar a preparação, eu li bastante sobre a relação dos senhores de engenho com seus escravos. Um dos livros mais interessantes foi, sem dúvida, o Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freire. É muito prazeroso viver esse processo. Até hoje, por exemplo, eu só fiz cinco aulas de balé clássico na minha vida. Gostaria muito de poder fazer mais algumas aulas! De repente até dar seqüência à prática da dança.

Como foi para você construir duas personagens tão semelhantes, como a Emerenciana, de Cabocla e a Dona Cândida?

Acho que Cabocla tinha um conteúdo interessantíssimo. As questões discutidas naquele microuniverso eram importantes e atuais. Além disso, tinha romance e política. Enfim, eu era casada com o Coronel Boanerges, personagem de Tony Ramos. Ele era um sujeito ultrapassado, porém mais leve e bem humorado que o Barão de Araruna, de Sinhá Moça. São épocas diferentes! As famílias são totalmente distintas. Isso sem falar que a minha família em Cabocla era alto-astral, o que não combina com o ambiente muitas vezes pesado da residência dos pais de Sinhá. Outro fato que marca essa diferença está na relação entre a Emerenciana e o Coronel Boanerges, que mantinham um casamento moderno para a época. Eles dividiam uma igualdade no seio familiar. Eram papéis quase equivalentes. Em Sinha Moça, o período histórico em que se insere a trama retrata uma época em que as mulheres tinham uma angústia em se colocar à frente de seus maridos. Exatamente por isso, a Dona Cândida é uma personagem mais angustiada do que a Emerenciana. Essa relação com o Barão é mais difícil e mais áspera.

De todos os seus personagens, qual você considera o mais importante ou marcante?

Pela complexidade trágica e pela pureza da história, posso dizer que protagonizar o filme Zuzu Angel foi o trabalho mais difícil até hoje em minha carreira de atriz. Ela era uma mulher corajosa, que assumiu a vontade de se separar do marido numa época em que a separação era tida pela sociedade como um desvio de conduta. Ao perceber seu talento, fez do trabalho uma coisa importante. Era uma costureira e acabou se transformando em uma estilista de renome. A Zuzu viu nas pedras brasileiras, nas rendas, o material e a inspiração para fazer sua arte. Era uma época em que isso representou um certo pioneirismo para a mulher. Mas, quando ela estava no auge da carreira, seu filho Stuart, um jovem de vida comum, acaba se envolvendo na luta armada e é morto pelos militares. A princípio, ela não compreendia muito bem a luta do filho. Somente após o seu desaparecimento é que a Zuzu consegue compreender a luta e os ideais do filho.

Especialista das tramas rurais

Apaixonada pela riqueza histórica do Brasil, a atriz recorreu à leitura para relembrar as questões discutidas no renovado folhetim das seis da Globo.

Apesar de ter feito a primeira versão de Sinhá Moça, Patrícia teve de estudar novamente os costumes e hábitos de um Brasil ainda sob o regime escravagista, mas na eminência da promulgação da Lei Áurea.

O remake escrito por Edmara e Edilene Barbosa não traz grandes mudanças à história de Maria Dezonne Pacheco Fernandes, adaptada para a TV pelo pai das roteiristas, Benedito Ruy Barbosa, em 1986.

Na primeira versão, Patrícia interpretou a misteriosa Ana do Véu, que não tem nada em comum com Dona Cândida, atual papel da atriz. "Tudo tem o seu tempo. Há 20 anos foi a minha hora de viver a Ana do Véu. Agora, sou madura o suficiente para viver a mulher do Barão", sintetiza.

Especialista em tramas de época e contemporâneas ambientadas em zonas rurais, Patrícia Pillar possui apenas uma minissérie em seu currículo. Admiradora do formato, a atriz, no entanto, não se incomoda de ter feito apenas As Noivas de Copacabana, de Dias Gomes.

Ao contrário, para ela algumas novelas como O Rei do Gado e Renascer tiveram o mesmo cuidado artístico e estético de uma minissérie. Por outro lado, Patrícia já participou de alguns seriados para TV. O último com papel fixo foi em Carga Pesada, em 2003.

"Também gosto de viver e contar histórias que tenham mais a ver com a vida cotidiana do nosso povo e que toca em questões atuais", destaca a atriz.

Multiplicidade nas telonas

No cinema, Patrícia Pillar já foi da comédia ao drama. Logo em seu primeiro longa-metragem, Menino Maluquinho ¿ O Filme, a atriz aparece como a mãe do moleque travesso, personagem criado por Ziraldo em livro e quadrinhos.

Depois vieram dois papéis dramáticos seguidos, em O Monge e a Filha do Carrasco e O Quatrilho. Em cartaz nos cinemas na comédia Se Eu Fosse Você, Patrícia voltará às telonas em agosto no filme Zuzu Angel, de Sérgio Rezende, que está em fase de pós-produção.

"É uma história forte, uma tragédia que se abate sob uma família comum. O Sérgio é um grande diretor, que gosta de falar do Brasil e de nossos ícones", pontua a atriz.

De volta às telenovelas, Patrícia deve ficar sem fazer cinema ao menos até o fim de Sinhá Moça. Isso porque, garante ela, "em época de novela, não há muito tempo livre".

Para aproveitar o período, a atriz está investindo em outro projeto: Patrícia está escrevendo um documentário sobre a vida e obra de do cantor brega-romântico Waldick Soriano, autor de grandes sucessos, como Eu Não Sou Cachorro Não.

"Ele representa um nordestino forte e é um cara com uma história de vida incrível! O Waldick já foi lavrador, garimpeiro, motorista de caminhão, ajudante de pedreiro, servente, engraxate...", resume a atriz.

Trajetória Televisiva
Roque Santeiro (Globo, 1985) - Linda Bastos.
Sinhá Moça (Globo, 1986) - Ana do Véu Teixeira.
Brega & Chique (Globo, 1987) - Ana Cláudia.
Vida Nova (Globo, 1988) - Branca.
Rainha da Sucata (Globo, 1990) - Alaíde.
Salomé (Globo, 1991) - Salomé.
As Noivas de Copacabana (Globo, 1992) - Cinara Alves.
Você Decide (Globo, 1992) - Episódios O Sonho Dourado e Verdades e Mentiras.
Renascer (Globo, 1993) - Eliana.
Pátria Minha (Globo, 1994) - Ester.
O Rei do Gado (Globo, 1996) - Luana.
Mulher (Globo, 1998) - Cristina.
Um Anjo Caiu do Céu (Globo, 2001) - Duda.
Carga Pesada (Globo, 2003) - Rosa.
Cabocla (Globo, 2004) - Emerenciana Pereira.
A Diarista (Globo, 2005) - Marta - Episódio Aquele do Parto.
 

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