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Entrevistas
Sábado, 10 de fevereiro de 2007, 10h00 
Nívea Maria lamenta a falta de papéis interessantes
 
Gabriela Germano
 
Jorge Rodrigues Jorge/TV Press
Nívea Maria interpreta a ambiciosa Lia em  O Profeta
Nívea Maria interpreta a ambiciosa Lia em O Profeta
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Nívea Maria, 59 anos, acha que sua personagem Lia, em O Profeta, é superficial demais. É justamente por isso, no entanto, que tem se animado com o trabalho. "É um papel tão baseado na aparência, na imagem, que me instiga", explica a atriz. Com 43 anos de carreira, Nívea analisa o atual momento da teledramaturgia com uma certa preocupação. Acredita que há uma crise geral de criatividade.

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"As atrizes mais maduras dificilmente ganham personagens bons para desenvolver, para mostrar um algo a mais", avalia. Uma televisão cada vez mais baseada na tecnologia do que na emoção e o cotidiano cada vez mais atribulado e repleto de assustadores acontecimentos são, na opinião da atriz, as causas responsáveis por folhetins desinteressantes e sempre iguais. "Está difícil para a ficção competir com a realidade", opina.

Apesar disso, Nívea diz que não nega trabalhos e se esforça para não desistir da profissão. Acredita que é tarefa do ator brigar por uma televisão de melhor qualidade. "Temos que lutar para manter a emoção em um ambiente cada vez mais tecnológico. Aceito um papel e brigo para que aquele seja mais um bom trabalho feito na tevê", enfatiza.

Leia a seguir a entrevista com a atriz:

Lia, de O Profeta, exige muito cuidado com a aparência e é bem diferente do seu trabalho anterior, a Mazé, de América. De que forma esse papel mexe com sua vaidade?
Essa personagem me dá trabalho como todas aquelas que vivem mais de aparência do que de conteúdo. A Mazé tinha mais conteúdo e a Lia é mais superficial, muito ligada às coisas materiais. Sou muito mais parecida com a Mazé do que com a Lia. Tenho minha vaidade, mas sou despojada. Gosto de um cabelo mais natural, pouca maquiagem. Isso me deixa mais segura como pessoa. Acredito que, por ter essa imagem de pessoa comum, é que o público se identifica tanto comigo nesses mais de 40 anos de carreira.

Qual personagem é mais difícil de compor, os frívolos ou aqueles com conteúdo?
Os dois tipos são interessantes. Com tantos anos de carreira, quero sempre coisas diferentes, senão dá preguiça de trabalhar. Já fiz tantas novelas que, se não tiver algo de novo, desanimo no meio da história. As novelas estão ficando muito parecidas. Os autores estão em crise de criatividade. Depende um pouco da gente, como ator, dar um toque diferente ao personagem.

Como você compara as novelas atuais e pouco criativas aos folhetins de grande sucesso que você fez, como A Moreninha?
Não faço comparações de trabalhos atuais com trabalhos antigos. O público, porém, não me deixa esquecer dos antigos papéis. Mas não busco ficar revivendo esses momentos maravilhosos do passado. Mesmo porque, tiveram momentos ruins e vazios também. Fiz novelas em que a personagem era boa, mas a história não deu resultado. Em Vida Nova, por exemplo, de 1988, fiz a Gema, que era um papel riquíssimo. A novela, no entanto, não emplacou. De qualquer forma, acho maravilhoso quando alguém, hoje, me aborda para falar de A Moreninha.

Já chegou a recusar convites por julgar que a personagem não era interessante?
Não. Mas já cheguei a discutir o porquê de fazer ou não um trabalho por causa da falta de conteúdo. Nunca recusei, mas já disse: "Estou fazendo porque vocês querem, mas não vai ser prazeroso para mim". Vou sempre em busca do prazer de trabalhar. Mas às vezes percebo que não vai valer a pena para mim, nem para o diretor e nem para o autor, pois não vamos conseguir desenvolver aquilo. Para ser apenas mais um trabalho, às vezes preferiria não fazer. Mas em um país como o nosso, com um mercado de trabalho tão estrangulado, jamais posso recusar um convite. E não falo só por causa do dinheiro, por causa da sobrevivência. Mas porque é preciso lutar continuamente para que nosso trabalho seja valorizado. É preciso aceitar e brigar para que aquele seja mais um bom trabalho. Essa é a parte do ator para tentar fazer uma televisão de melhor qualidade.

Em algum momento pensou em desistir da carreira?
Não vou negar que, nesses 43 anos de carreira, houve um momento em que achei que já tinha cumprido minha tarefa e poderia parar. Faz dez anos, foi quando eu cheguei aos 50. Uma série de fatores me levou a essa situação. Primeiro porque eu estava casada, estabilizada, e de repente comecei a enfrentar uma crise da idade. Mudanças no corpo, na cabeça, a separação. Rolou um certo desencanto com a profissão e achei que já tinha sido útil o suficiente.

O que fez com que você reanimasse?
Não sei dizer ao certo como esse cenário se modificou, mas A Casa das Sete Mulheres foi um resgate do prazer de representar. Porque eu vinha em uma onda de fazer personagens superficiais, baseados apenas na técnica. Na minissérie, houve o resgate do trabalho feito com emoção. O processo desse trabalho me fez ver que, se quisesse, eu é que comandaria a minha profissão. Vi que não queria terminar com tudo porque ainda sentia prazer trabalhando. Aí passou.

Por ter sido casada com o diretor Herval Rossano, você sente que foi mais cobrada ou mesmo prejudicada de alguma forma?
Depois que meu casamento com o Herval terminou, percebi algumas coisas que tinha perdido. Por ser diretor, ele tinha poder de decisão na vida de vários colegas meus. O relacionamento das pessoas comigo mudou depois que me separei. Percebi que muita gente se aproximou mais de mim. Acho que antes ficavam inibidas porque eu era a "senhora fulano de tal". Muitos passaram a me conhecer melhor depois que me separei. Viram que eu era uma mulher de verdade, que pensa. Acho que antes eu passava uma idéia de dependência, de mulher que não dava a última palavra e que vivia à sombra de um homem. Porque ele sempre foi uma pessoa de temperamento muito mais forte do que o meu. Eu era mais recatada, mais quieta. Hoje as pessoas percebem que sou mais alegre. Agora todos vêem minha alegria, minha energia, meu bom humor.

Foi essa energia que levou você a participar do quadro "Dança dos Famosos", no Domingão do Faustão?
Eu me ofereci para participar do quadro. E foi exatamente por um excesso de energia reprimida que eu não conseguia colocar para fora, por não ter oportunidade. Mal sabia eu que esse quadro ia ser tão importantes quanto as 40 ou 50 novelas que fiz. Era a Nivea Maria se mostrando para o público. Não estava atrás de qualquer personagem. A receptividade do público me emocionou porque era diretamente ligada a mim como mulher e ser humano. Além de ter contribuído muito para minha vida pessoal, íntima, para minha vaidade, acho que também contribuí de uma outra forma. Porque uma mulher da minha idade se expondo daquela forma não aparece a toda hora. Como atriz, posso fazer uma cena nua. Mas é a personagem que estará lá. No quadro, quem estava se expondo era eu mesma. Foi ótimo para minha auto-estima e tenho até vontade de participar de novo. Sei que corri até o risco de ser ridícula. Mas prefiro esse tipo de exposição a outras que vejo na mídia.

De que tipo de exposição você não gosta?
A exposição gratuita da vida pessoal. Também saio à noite, também beijo na boca, também tenho meu lado de ser humano falho. Só não preciso expor. Mostrar minha experiência de vida pessoal, meus erros e minha falhas não acrescenta nada para as outras pessoas. E acho que tenho uma responsabilidade muito grande como pessoa pública. Tem gente que está sentado no sofá e não é obrigado a ver minhas feridas expostas.

Momento de análise
Apesar de ser uma atriz muito requisitada na televisão, Nívea Maria não costuma receber muitos convites para atuar no teatro. "Comecei a fazer teatro tarde. Acho que por causa do preconceito dos grupos de teatro com os atores de televisão", analisa Nívea.

Após 20 anos de carreira, é que ela foi encenar sua primeira peça. Foram seis espetáculos seguidos. A última montagem, "A Volta por Cima", foi uma produção própria, e já aconteceu há sete anos. "Foi um imenso prazer", conta.

Ao confessar que até recebe alguns textos, mas nada que a atraia, Nívea faz uma verdadeira análise de sua trajetória e do atual momento de sua carreira. "Já encarnei inúmeros personagens na tevê, mas ainda poderia fazer muita coisa diferente, inclusive no teatro. Tudo depende da matéria-prima, o texto", defende.

Na opinião da atriz, os autores atualmente escrevem pouco para as mulheres mais maduras, o que dificulta a tarefa do ator de desenvolver um trabalho mais profundo. "Mulheres da minha idade ou são coadjuvantes, ou são mães da personagem central", desabafa.

Desprestígio inicial
Quando Nivea Maria decidiu que seria uma atriz profissional, não contou com o apoio da família. "Na minha juventude, os familiares não incentivavam que um filho seguisse a carreira artística. Chegavam a proibir", lembra ela. Quando teve seu primeiro retorno financeiro, Nivea acreditou que realmente poderia fazer daquilo uma profissão.

"E não modifiquei meu caráter. Meus pais notaram isso e o apoio, enfim, veio", completa. A difícil tarefa de encarar o preconceito da época veio acompanhada ainda de uma decepção amorosa. A família de um namorado de Nivea, contrária ao namoro do filho com a atriz, ofereceu ao moço um Fusca, com a condição de que ele colocasse um fim na relação. "Ele ficou com o carro", conta a atriz, que hoje acha graça da história.

Trajetória Televisiva
# "A Outra Face de Anita" (Excelsior, 1964) - Patrícia.
# "A Moça que Veio de Longe" (Excelsior, 1964).
# "Melodia Fatal" (Excelsior, 1964) - Míriam.
# "O Preço de Uma Vida" (Tupi, 1965) - Tula de Linhares.
# "Sangue do Meu Sangue" (Excelsior, 1969) - Cíntia.
# "A Cabana do Pai Tomás" (Globo, 1969).
# "O Primeiro Amor" (Globo, 1972) - Helena.
# "Uma Rosa com Amor" (Globo, 1972) - Terezinha.
# "O Semideus" (Globo, 1973) - Soninha.
# "Corrida do Ouro" (Globo, 1974) - Wânia.
# "Gabriela" (Globo, 1975) - Jerusa.
# "A Moreninha" (Globo, 1975) - Carolina.
# "O Feijão e o Sonho" (Globo, 1976) - Maria Rosa.
# "Duas Vidas" (Globo, 1976) - Hebe.
# "Dona Xepa" (Globo, 1977) - Rosália.
# "Maria, Maria" (Globo, 1978) - Maria Alves/Maria Dusá.
# "Olhai os Lírios do Campo" (Globo, 1980) - Olívia Miranda.
# "Coração Alado" (Globo, 1980) - Roberta.
# "Terras do Sem Fim" (Globo, 1981) - Donana.
# "Padre Cícero" (Globo, 1984) - Adélia.
# "Livre para Voar" (Globo, 1984) - Bia.
# "Anos Dourados" (Globo, 1986) - Beatriz.
# "Mania de Querer" (Manchete, 1986) - Vanessa.
# "Vida Nova" (Globo, 1988) - Gema.
# "República" (Globo, 1989) - D. Margarida Gusmão.
# "Gente Fina" (Globo, 1990) - Joana.
# "Meu Bem, Meu Mal" (Globo, 1990) - Berenice.
# "Pedra Sobre Pedra" (Globo, 1992) - Ximena.
# "Sonho Meu" (Globo, 1993) - Elisa.
# "Tropicaliente" (Globo, 1994) - Soledad.
# "Malhação" (Globo, 1995) - Antônia.
# "Explode Coração" (Globo, 1995) - Alícia.
# "A Justiceira" (Globo, 1997) - Augusta.
# "Suave Veneno" (Globo, 1999) - Nana.
# "Vila Madalena" (Globo, 1999) - Adélia.
# "O Clone" (Globo, 2001) - Edna.
# "A Casa das Sete Mulheres" (Globo, 2003) - D. Maria.
# "Celebridade" (Globo, 2003) - Corina.
# "América" (Globo, 2005) - Mazé.
# "O Profeta" (Globo, 2006) - Lia.
 

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