12ª Parada do Orgulho GLBT

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12ª Parada do Orgulho GLBT

Segunda, 19 de maio de 2008, 22h51 Atualizada às 18h18

Presidente da Parada Gay diz que combater homofobia é prioridade

Danilo Lima

Alexandre Santos, presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT (APOGLBT), disse em entrevista ao Terra que combater a homofobia ainda é a prioridade da manifestação em 2008, que este ano será realizada no dia 25 de maio na avenida Paulista.

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"Não faz sentido mudar o tema. Queremos aprovar o projeto de lei que vai fazer a homofobia virar crime", declarou, por telefone.

A pouco menos de um mês da Parada do Orgulho GLBT, a discussão em torno da segurança dos homossexuais e outras tribos ainda é a maior pauta das organizações que lutam pelos direitos das minorias.

Confira a entrevista na íntegra:

Este ano, a 12ª edição da Parada do Orgulho GLBT volta a bater na tecla da homofobia. No cartaz oficial do evento, o tema absoluto é Homofobia Mata - Por um Estado Laico de Fato. Como ela mata?
Não faz sentido mudar o tema. Queremos aprovar o projeto de lei que vai fazer a homofobia virar crime. A gente continua insistindo porque ela não só mata fisicamente com o tiro, com a porrada. Ela mata por dentro também, pelas pessoas que sofrem agressões verbais ou são hostilizadas.

O que preocupa mais hoje em dia? Parte da sociedade discriminando o público homossexual ou os grupos homofóbicos fazendo agressões violentas e gratuitas nas ruas de São Paulo?
Não acho que exista o pior e o melhor. Às vezes uma discriminação velada é mais dolorosa do que uma discriminação na cara. Temos como exemplo uma travesti que entra num restaurante e é expulsa ou outra que é proibida de estudar quando começa a transformação de seu corpo na época da escola. São coisas que afetam as pessoas a longo prazo.

Sair nas ruas de mãos dadas com outro homem é seguro, hoje?
Acho que nós não devemos criar um pânico moral. Os grupos de ódio não agridem só homossexuais, mas negros, nordestinos, qualquer pessoa que não esteja dentro de seus critérios. Infelizmente temos que estar em guetos todo o tempo para nos proteger. Eu nunca ouvi falar de um grupo desse tipo que vai até a Vieira de Carvalho, onde alguns homossexuais se reúnem. Eles geralmente agridem alguns que estão sozinhos, violentam isoladamente.

O que uma lei que torna a homofobia crime seria capaz de fazer? Em que sentido as pessoas seriam enquadradas por serem homofóbicas?
Se você chama um negro de macaco, você paga por isso? Não é justo apanhar na rua e não é justo sermos atacados com agressões verbais. Com isso, os homofóbicos podem ser processados.

O que você espera da Parada este ano? O que a organização fez para o que o evento seja menos festivo e mais político?
A Parada tem dois momentos: um de alegria, de celebrar o que somos, e um momento de lutarmos e continuarmos buscando melhoras. Ela não deixa de ser uma manifestação, mas quando você faz algo com caráter festivo, as pessoas criticam. Não acho que o evento tenha perdido o caráter político. Concordo que muita gente vem para o 'oba oba', mas quem quer vir pra lutar também tem este espaço.

Você acha que a Parada teve alguma relação com o 'boom' de personagens gays na televisão?
Não acho que a televisão abriu muito o tema.

Mas as últimas novelas mostraram muitos casais, não?
Sim, mas a gente nunca é um casal bolo de noiva. É legal ter um casal na novela, mas namorados homossexuais não são assim. Na novela, eles não têm afetividade. Existe o amor, existe o sexo, que nunca é abordado. Parece que são dois bonequinhos. Por um outro lado, está claro que eles são gays, quando não colocam uma coisa bem caricata para fazer palhaçada. Chocaria ver dois homens se beijando? Não sei. É a realidade.

Recentemente um casal homossexual, o repórter Felipe Campos e seu namorado Rafael, conseguiram atrair a atenção da mídia com um casamento aos moldes tradicionais. Os pretendentes até fizeram 'dia do noivo'. Você acha que isso é fruto de uma superexposição? Houve até credenciamento para a imprensa.
Aqui na Associação da Parada eu já fiz 150 uniões. Temos um documento que pode ser repassado. E o fato de ter sido aos moldes tradicionais, não foi o primeiro. Já vi uns 30 assim. As pessoas escolhem uma religião pra fazer. Acho que isso vem de cada. Tem casais que chegam aqui, assinam e nem se olham. Tem gente que joga arroz, entrelaça a taça. A única diferença desse casal em questão é que eles chamaram a mídia.

Com a proximidade da Parada, ouvimos muito falar sobre os direitos dos homossexuais. No resto do ano, como a associação trabalha?
Nós temos os nossos próprios projetos. A Parada é uma vez, mas a associação funciona 365 dias ao ano. Acho bom tocar neste assunto porque sempre estamos aqui para ajudar, nunca fechamos.

Como evitar que deslizes que ocorreram no ano passado, como furtos e alguns pequenos casos de violência, não se repitam?
Fizemos um esquema forte de segurança que foi divulgado. Não queremos que essas coisas aconteçam, mas damos dicas antes do evento. Pedimos que as pessoas não levem carteiras, tomem cuidado com celulares e objetos. Onde existe um volume de massa tão grande, com certeza fica mais fácil acontecer esse tipo de coisa.

Redação Terra

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