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Sábado, 8 de abril de 2006, 11h01 
"As críticas não me abalam", diz Vladimir Brictha
 
Luiz Almeida
 
Pedro Paulo Figueiredo/TV Press
Vladimir Brichta interpreta o professor Narciso em  Belíssima
Vladimir Brichta interpreta o professor Narciso em Belíssima
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Há cinco anos, quando se mudou para o Rio de Janeiro, o ator Vladimir Brichta traçou uma estratégia: aparecer o máximo que pudesse. O ator seguiu o plano à risca. Não recusa trabalho, seja na Globo, seja em publicidade e está decidido a se tornar figurinha fácil.

Por isso, desde a estréia em Porto dos Milagres, em 2001, na "pele" do balconista Ezequiel, o ator vem emendando trabalhos na telinha e atualmente "encarna" o professor Narciso Güney em Belíssima. "Vinha do teatro e queria ser reconhecido pelo grande público. Além disso, os personagens foram pintando e não podia recusar", justifica o ator, que é mineiro de Diamantina, mas foi morar em Salvador quando tinha cinco anos.

Vladimir está satisfeito com as escolhas que fez ao longo da carreira, mas agora está pensando em dar um tempo das novelas e se dedicar novamente ao teatro. Ele já queria ter feito isso quando acabou de fazer Começar de Novo, em 2005, mas o convite para integrar o elenco de Belíssima instigou o ator - pesou na decisão o fato de ser a primeira trama de Silvio de Abreu que faria. "Ao longo do tempo, tive a oportunidade de trabalhar com autores e diretores diferentes. É sempre muito bom poder entrar em contato com um 'universo' que não conheço", valoriza.

Aos 30 anos e 14 de profissão, Vladimir conta que demorou um pouco até encontrar o "tom" do atual personagem na novela das oito. Ele ressalta que no início acabou exagerando nas "tintas" de Narciso, tornando-o um pouco histriônico. Mesmo assim, passados os dois primeiros meses de gravações, Vladimir garante que finalmente conseguiu dominar as diversas nuances do professor de Educação Física de Belíssima, "imprimindo" novas características ao personagem. "Passei a interpretá-lo de maneira mais tímida, realçando um lado mais retraído. Acho que ficou melhor", opina.

É sua quinta novela em cinco anos. O que o leva a emendar um trabalho no outro?
Num primeiro momento, achava que era hora de fazer dessa forma. Isso porque, no início, precisava ficar conhecido, pois só tinha feito teatro na vida. Optei por fazer uma novela seguida da outra para ter meu trabalho reconhecido pelo grande público. Consciente ou inconsciente, era uma maneira de conquistar um espaço na tevê. Acredito que fiz a escolha certa e agora estou fechando um ciclo que iniciei há cinco anos. Comecei numa novela das oito, passei pelo horário das seis e das sete e voltei para as oito. Fiz novelas de autores diferentes e tive a oportunidade de entrar em contato com estilos distintos, o que é ótimo.

E o que você destacaria de mais interessante no atual personagem, que é escrito por Silvio de Abreu?
Apesar de não estar sendo muito desenvolvida na trama, acho a discussão sobre a vaidade dele muito interessante. O personagem coloca em questão uma realidade de toda a sociedade, que consome cada vez mais a estética. Acho um questionamento necessário, porque a gente está vivendo uma época em que a vaidade está um tanto exacerbada.

O Narciso, por sinal, torna-se modelo em função da vaidade. Além disso, ele persegue o sucesso a qualquer preço. Você acredita que as pessoas querem realmente seus 15 minutos de fama?
Obviamente. E isso é bem legal de ser abordado numa novela, embora o Narciso mantenha alguns princípios. Mesmo não aceitando tirar as fotos nu e se negar a usar maquiagem, por exemplo, o personagem está encontrando a fama. Então ele começa a repensar todos esses princípios. O maior valor é o sucesso e ele, querendo fama, passa a aceitar essa nova realidade. Se for o caso, ele até já aceita colocar uma melancia no pescoço. É uma coisa que rola mesmo. A novela tenta abordar isso, mostrando o quanto é fútil a fama.

O personagem é um tanto vaidoso. Até que ponto você também é vaidoso?
Se dissesse que não sou, estaria mentindo. Não sou igual ao personagem, é claro. Nossa profissão, aliás, até está bastante associada à vaidade. Acho que faz parte também do ser humano ser vaidoso. Só não podemos deixar que a vaidade suba à cabeça. O ser humano que não tem vaidade, que não tem momentos de insegurança, não é completamente humano. O personagem até me ajudou a reconhecer e refletir sobre a minha própria vaidade. Sou vaidoso pela minha trajetória e fico envaidecido com a minha carreira, com os rumos que tomei ao longo do tempo. A gente gosta toda vez que recebe um elogio.

Mas as críticas abalam a sua vaidade?
Ninguém ignora as críticas que sofre ao longo da vida. Mas, sinceramente, não me abalam. Acho que, na verdade, elas até são boas para o nosso trabalho como ator, porque a gente se sente cutucado e tenta realizar da melhor maneira possível. Dá um ânimo maior. Quando é positiva, procuro não acreditar piamente para não influenciar na minha concepção do trabalho. Posso até concordar com alguns pontos, mas em outros aspectos posso discordar. Quando as críticas são negativas, procuro repensar e ver se realmente estou errando. Tento melhorar, mas também não deixo me influenciar por elas.

As críticas e os elogios ajudam a impedir que o sucesso suba à cabeça?
Com certeza. Mas nem sei se sou mais o mesmo. Só tento permanecer uma pessoa acessível como era antigamente. Não quero me fechar para as pessoas, viver enclausurado. Tiro proveito das críticas e dos elogios e não deixo que eles mudem minha maneira de ser.

Seus personagens na tevê sempre exploraram o aspecto físico, seja por uma ligação com esportes, seja como agora, que é modelo. Você não fica com medo de ficar estigmatizado na tevê?
É engraçado isso. Acho que deve ser pelo meu tipo físico. Jamais cheguei para um diretor para pedir um personagem que fosse esportista. Acontece, porém, que têm surgido papéis com essas características. É curioso porque não acho que tenha o arquétipo do atleta. Além disso, o único esporte que pratico regularmente é o surfe. Mas é uma maneira bacana de se apropriar de um universo que a gente não conhece, ter contato com práticas esportivas que não faziam parte da nossa rotina. O Pedro, de Começar de Novo, por exemplo, era mergulhador e fui fazer curso de mergulho para fazer o personagem. São coisas que a gente aprende e que não teria contato caso não fizesse a novela.

Outra característica de seus personagens é que eles são sempre os conquistadores. Incomoda ser o garanhão das novelas?
Não, de forma alguma. Mas novela é assim mesmo, estamos sempre visitando os arquétipos, seja do vilão, do conquistador, do mocinho romântico, etc. Agora, é também um ponto muito curioso na minha carreira, assim como o lado esportista. Talvez seja pelo fato de os autores acharem que é uma coisa que vem funcionando e façam meus personagens com essa característica. Se isso me incomodar, passarei a recusar esse tipo de papel. Mas certamente terei a oportunidade de fazer personagens com outras características e poderei experimentar.

O Narciso já teve de fugir correndo do assédio das fãs. Você já passou por situação semelhante?
Quando a gente está fazendo novela, o assédio aumenta. Quando se está numa trama das oito, aumenta mais ainda. Já precisei sair correndo mesmo, tanto era quantidade de fãs. Se eu, por exemplo, for fazer um trabalho numa cidade do interior enquanto estou na novela e isso for divulgado na imprensa local, vai ter muito assédio mesmo, pois cria uma expectativa grande entre as pessoas. Mas se for numa época em que a gente não está em novela, isso diminui.

Mas o assédio incomoda?
Não incomoda. Mas é engraçado como as coisas funcionam. Já estive numa mesma cidade em momentos distintos. Quando estava na novela, era quase impraticável sair às ruas. Depois voltei, sem estar fazendo novela e podia andar tranqüilamente. As pessoas puxavam conversa, me abordavam, o que é normal, mas me deixavam circular à vontade.

Você fez algumas participações especiais, como em A Diarista e também no Sexo Frágil. O que achou dessa experiência?
Foram ótimas. Fiz um dos primeiros episódios de A Diarista, interpretando a mim mesmo. Foi muito engraçado poder participar de um seriado cômico, já que nunca havia feito. Quanto ao Sexo Frágil, eu até estaria no elenco caso não estivesse fazendo novelas. Foi a oportunidade de contracenar com amigos de longa data e de antigos espetáculos, além de interpretar personagens muito interessantes no programa. Também gostei bastante de participar do quadro Homem Objeto, do Fantástico, que era bem divertido. No Fantástico, aliás, apresentei o quadro "No Tempo das Cavernas", que tratava da evolução humana e era uma produção da BBC.

Universos paralelos
Vladimir Brichta tem um bom motivo para se orgulhar da carreira na tevê. Desde que estreou em Porto dos Milagres, de Aguinaldo Silva, em 2001, em que fez o balconista Ezequiel Barud, o ator vem encaixando trabalhos com autores diferentes.

Não por acaso, ele gosta de citar o peão Nélio em Coração de Estudante, de Emanuel Jacobina, em 2002, o "descamisado" Enrico Puentes em Kubanacan, de Carlos Lombardi, em 2003, e o herói romântico Pedro em Começar de Novo, de Antonio Calmon, em 2004. Agora é a vez do professor Narciso Güney em Belíssima, de Silvio de Abreu. "Nunca fui colocado para escanteio em nenhum deles. Só é difícil eleger qual deles foi o melhor", desconversa.

Vladimir Brichta conta que o único problema que enfrentou foi quando participou de Começar de Novo. Não por causa da trama ou do personagem, mas porque ele teve uma hepapite que o tirou da novela no final das gravações - Brichta só voltou ao batente na última semana.

"Foi muito tumultuado. Tive de me ausentar nos momentos decisivos e não consegui terminar como queria", lamenta. Além das participações em humorísticos, como A Diarista e Sexo Frágil, Brichta destaca o trabalho na série da BBC, "No Tempo das Cavernas", que apresentou para o Fantástico. "É completamente diferente de atuar. A única semelhança é o fato de também ter de se comunicar", derrete-se.

Trajetória televisiva
Belíssima - (Globo, 2005) - Narciso Güney
Começar de Novo - (Globo, 2004) - Pedro
Kubanacan (Globo, 2003) - Enrico Puentes
Coração de Estudante (Globo, 2002) - Nélio
Porto dos Milagres (Globo, 2001) - Ezequiel Barud

Velha compulsão
Vladimir Brichta jura que sempre pensou em ser ator. E desde pequeno é fascinado com o teatro. Nascido em Diamantina, Minas Gerais, Brichta, aos dois anos de idade, foi para a Alemanha, onde o pai fez um doutorado em Geologia. De lá, retornou ao Brasil aos cinco anos, mais precisamente para Salvador. "Minha mãe conta que eu adorava assistir às encenações produzidas na escola alemã", recorda.

Matriculado numa escola da capital baiana, aos seis anos Brichta começou a fazer parte do grupo de teatro do colégio. Já na adolescência, Brichta fez vários cursos de teatro. Aos 16 anos, contudo, ele se matriculou num curso profissionalizante na Universidade Federal da Bahia, já que queria se aprimorar. No ano seguinte, o ator prestou vestibular para Artes Cênicas na própria faculdade e participou de diversos espetáculos montados com os colegas de curso. "Nunca pensei em fazer outra coisa", ressalta.

Com 22 peças no currículo, Brichta ressalta, porém, que tem tido muito pouco tempo para o teatro nos últimos tempo. Desde que mudou-se para o Rio de Janeiro, deu prioridade à carreira na tevê e esteve em apenas três espetáculos nos últimos cinco anos. Não por acaso, ele garante que assim que acabar de gravar Belíssima pretende encenar a peça Calígula, que também encenou em Salvador. Nem que para isso precise novamente atuar como produtor, assim como aconteceu com o último espetáculo, Um Pelo Outro. "Não é o que gosto de fazer. Mas, às vezes, precisamos correr atrás de patrocínio para concretizarmos nossos sonhos", destaca.
 

TV Press
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