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Boa parte dos autores de novela só gosta de definir o perfil de um personagem quando já sabe quem vai interpretá-lo. Mas essa antecipação está cada vez mais difícil. Seja pela ofensiva de outras emissoras, como SBT, Record e Band, seja pela reserva de atores por outras produções da própria Globo, está cada vez mais complicado saber que papel fica com quem.
Benedito Ruy Barbosa que o diga. A menos de três meses da estréia do "remake" de Sinhá Moça, ele sofre para fechar o elenco da novela que vai substituir Alma Gêmea no horário das seis. "Procuro sempre escalar o melhor time para não perder o jogo. Porque o sucesso é de todos, mas o fracasso é sempre do autor", chia.
A primeira grande perda sofrida por Benedito foi Carolina Dieckmann. A atriz já tinha acertado sua participação com o diretor Ricardo Waddington quando foi avisada de que o diretor artístico da Globo, Mário Lúcio Vaz, preferiu remanejá-la para Cobras e Lagartos, título provisório da próxima novela das sete. "É bom saber que outros autores, como o Benedito e o João Emanuel, também querem trabalhar comigo. Assim, não faço parte de nenhuma 'panelinha' na Globo", argumenta a atriz, que emendou três novelas consecutivas de Manoel Carlos.
Mário Lúcio, na verdade, sentiu necessidade de reforçar o elenco de Cobras e Lagartos, que tem a ingratíssima tarefa de reverter a pífia audiência de Bang Bang, de Mário Prata. Ainda inconsolável com a perda de Carolina, Benedito quase caiu para trás ao saber que corria o risco também de perder Bruno Gagliasso.
Indignado, insinuou a ameaça de adiar a estréia de Sinhá Moça caso não conseguisse escalar um elenco decente. Imediatamente, Mário Lúcio resolveu a pendenga, confirmando Bruno na trama de Benedito. "Personagem de época é legal de fazer porque terei de estudar muito para interpretá-lo. Apesar de saber pouco sobre o personagem, isso sempre motiva e enriquece", pondera o ator, alheio à queda-de-braço.
Benedito Ruy Barbosa e João Emanuel Carneiro, porém, não são os únicos a enfrentarem o desconfortável vaivém de atores. Manoel Carlos, que escreve Páginas da Vida, também já passou por alguns perrengues. O primeiro deles foi perder Débora Falabella para Sinhá Moça.
Em compensação, ganhou Tarcísio Meira, que, a princípio, faria Cobras e Lagartos. Para Maneco, a dificuldade na escalação se deve, sobretudo, ao aumento do número de capítulos. "As novelas passaram a ter um mínimo de 60 atores no elenco. Além disso, as minisséries, que também eram curtas, agora se estendem por mais de 50 capítulos", justifica ele.
Para acirrar a disputa, a Record também começa a montar o seu "cast". Para Coração Brasileiro, novela de Lauro César Muniz que vai inaugurar o segundo horário de novelas da emissoras, contratou Paloma Duarte, Gabriel Braga Nunes, Tuca Andrada, Carla Regina, entre outros.
"Do elenco de Prova de Amor, 60% já foi convidado a renovar contrato. Atores querem boas condições salariais e isso, pode ter certeza, nós damos", assegura Hiran Silveira, diretor de teledramaturgia da Record.
Apesar de todo o empenho da emissora, Lauro César lamenta não poder começar a escrever a novela com todos os nomes já definidos. "Tive de mudar a minha forma de escrever. Concebi os personagens sem saber quem iria interpretá-los. Não podia esperar o elenco ser fechado para começar a escrever", queixa-se.
Com a aparente escassez de atores no mercado, Manoel Carlos teve de buscar reforços para Páginas da Vida na concorrência. Se não pôde escalar dois de seus atores favoritos, Lavínia Vlasak e Marcelo Serrado, atualmente no elenco de Prova de Amor, conseguiu, pelo menos, convencer Christine Fernandes e Sílvia Salgado, que atuaram em Essas Mulheres, da Record, a voltarem para a Globo. "Estou vivendo um momento pleno da minha carreira. E quero mais é aproveitá-lo. Não sou atriz de receber salário para ficar seis meses em casa descansando", justifica Christine.
Mercado de risco
Uma das práticas mais recorrentes na Globo é a reserva de atores. Com medo de perder seus atores favoritos para outras produções, os autores costumam reservá-los por meses ou, quem sabe, até anos a fio. Apesar de usual, a estratégia desagrada alguns. "Nunca fiz isso na minha vida. A gente tem de se valer dos atores disponíveis. Não dá para prender ninguém por tanto tempo", resmunga Benedito.
Mal acabou de escrever Senhora do Destino e Aguinaldo Silva já pensa no elenco de É a Educação, Estúpido!, título provisório da novela que ele vai escrever para a Globo em 2007. Se depender dele, Suzana Vieira, José Mayer, Renata Sorrah, Arlete Salles, Lima Duarte e José Wilker, só para citar alguns, já estariam reservados. "Já tenho o meu 'dream team'. O problema é conseguir que ele esteja disponível na época da novela", reconhece.
Só em 2005, o diretor Ricardo Waddington já esteve às voltas com a escalação de três produções diferentes. Afinal, ele é o diretor de núcleo de Bang Bang, Malhação e, mais recentemente, Sinhá Moça. Na falta de boas opções para a trama de Mário Prata, teve de recorrer a "nomes pouco convencionais", como a modelo Fernanda Lima e os cantores Sidney Magal, Paulo Miklos e Luiz Melodia.
A julgar pelas dificuldades por que passam alguns diretores da Globo, apostar em "novos talentos" pode ser a saída para Herval Rossano. Com a aquisição de Mandacaru, o diretor de teledramaturgia da Band ganha tempo para escalar o elenco de Amor de Perdição, que deve inaugurar o segundo horário de novelas em 2006. "A oferta de um contrato longo é sempre mais sedutora para o ator do que a de um trabalho por obra certa", desabafa.
Instantâneas
# Recém-saídos de América, Murilo Benício e Deborah Secco já foram reservados por Carlos Lombardi para Pé na Jaca, título provisório da próxima novela da sete da Globo.
# O elenco da minissérie JK, de Maria Adelaide Amaral, também sofreu baixas. As atrizes Ana Paula Arósio e Leandra Leal foram remanejadas para Páginas da Vida e Malu Mader para Cobras e Lagartos.
# Apesar dos queixumes de Benedito Ruy Barbosa, Sinhá Moça conta com bons atores. Além de Bruno Gagliasso e Débora Falabella, tem ainda Danton Mello, Regiane Alves e Patrícia Pillar, entre outros.
# Com a ofensiva da concorrência, a Globo tem preferido vínculos mais longos a contratos por obra certa. Além disso, tem antecipado a renovação de contratos com nomes consagrados.
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