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A chuva fina e a baixa temperatura (14ºC) não afastaram as milhares de pessoas que foram conferir de perto a Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros), em Porto Alegre, neste domingo. A capital gaúcha é a primeira cidade do Brasil a receber duas edições do evento no mesmo ano. Assim como a primeira, a segunda também foi um sucesso de público.

Mesmo assim, a organização pensa em juntar as paradas novamente no próximo ano. Uma divergência política seria a causa do racha no movimento gay e, conseqüentemente, a existência de duas paradas parecidas em dias diferentes.

O evento teve muito luxo e, também, pouca roupa. Noivas, rainhas do período da Revolução Francesa, Cleópatra, a rainha do Egito e seus servos. Não faltaram fantasias fazendo alusão à CPI dos Correios. Teve até o "deputado federal Enéas Carneiro" vestido de mulher, apoiando o casamento gay.

Roberto Seitenfus, do Grupo Desobedeça, um dos organizadores do evento, disse que a parada é um ato político e de livre expressão sexual. "Queremos ser respeitados não por aquilo que temos, mas pelo que somos", afirmou, acrescentando que será realizado uma grande marcha em Brasília, em outubro, quando haverá um encontro brasileiro de gays.

Quatro vias - avenidas Osvaldo Aranha, José Bonifácio, João Pessoa e Rua Paulo da Gama - foram bloqueadas para a passagem de oito trios elétricos.

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) e duas vereadoras da capital também participaram da parada. Rosário é coordenadora da Frente Parlamentar de Livre Expressão Sexual no Congresso e autora da proposta de emenda constitucional (PEC) que proíbe a discriminação salarial para homossexuais.

Julieta Ramos, 77 anos, chamou a atenção pela energia. Empunhando a bandeira do arco-íris, ela desfilou e dançou durante todo o trajeto. "Também compareci à primeira parada no dia 5 e resolvi participar hoje. Eu apoio os gays e para mim todos somos iguais."

As atrações no palco foram interrompidas por volta das 17h para que houvesse um desfile em volta do parque. A cantora Rosana subiu ao palco por volta das 20h para arrancar gritos e aplausos do público com o sucesso O Amor e o Poder.

Em Porto Alegre, a parada acontece desde 1997. O slogan deste ano, "Nem menos, nem mais, direitos iguais", ressalta o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo.