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'Caminho das Índias' evidencia a passionalidade de Glória Perez

25 jan 2009 - 13h12
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Caminho das Índias

comprova que a pluralidade de assuntos e temas é um dos trunfos de Glória Perez. Em meio a uma superprodução gravada na Índia, entre templos, castelos, avenidas e às margens do "sagrado" Rio Ganges, a autora escreve como quem aposta alto num cassino. São as heranças deixadas por sua mentora Janete Clair.

Juliana Paes e Márcio Garcia são protagonistas de Caminho das Índias
Juliana Paes e Márcio Garcia são protagonistas de Caminho das Índias
Foto: Divulgação

Mas, apesar de toda a profusão de cores, sons e formas de tradições milenares que inebriam e despertam a curiosidade, Glória não se deslumbra apenas com um mosaico de situações. Cria muitos outros. Aposta na abordagem da psicopatia através da Yvone, personagem de Letícia Sabatella, da mesma forma que mostra as disparidades desse desvio de caráter com as demais doenças mentais.

Elas serão aprofundadas não só por Tarso, de Bruno Gagliasso, mas também pelo núcleo da loucura, que enaltece o belo e pouco divulgado trabalho da psiquiatra Nise da Silveira. Isso sem falar nas corrupções e na gana pelo poder representada por Ramiro, bem interpretado por Humberto Martins.

Diante de uma multiplicidade de caminhos a percorrer pela história, recheada de núcleos e variadas possibilidades cômicas - como a recepcionista Valquíria, de Rosane Goffman, que se exibe na Internet através de um sensual "avatar" -, o casal de protagonistas Maya e Bahuan, de Juliana Paes e Márcio Garcia, não precisa estar em primeiro plano.

Márcio Garcia ainda não convence como um indiano "intocável", que ainda por cima sofre por amor. Suas expressões cafajestes e trejeitos cariocas não se camuflaram nessa composição. Já Juliana Paes, apesar da semelhança física com as indianas, ainda precisa de estofo dramatúrgico para trazer veracidade a uma personagem dramática. Como se não bastasse, ainda também falta química entre os atores, o que reduz esse "amor proibido" a um romance quase inverossímil neste início.

Como em todo jogo, a história tem meios de andar bem sem os "personagens principais". Tony Ramos, como já era de se esperar, deixa rastros que vai colocar o telespectador no bolso com o supersticioso e ortodoxo Opash. Sua parceria com Eliane Giardini, como Indira, e sua mãe Laksmi, de Laura Cardoso, criam uma base no núcleo que promete ser um dos maiores destaques da história dirigida por Marcos Schechtman.

No entanto, é no núcleo brasileiro do sórdido empresário César, de Antonio Calloni, que as atuações dão um xeque-mate. Calloni, vários quilos mais magro e com novo visual, evidencia sua flexibilidade como ator em um tipo mais que desprezível.

Destaque também para a quase novata Tânia Khalil que, logo no início da trama, já mostrou segurança e sensualidade como a sonhadora gerente de loja Duda. A personagem fez até com que a amiga Chiara, de Vera Fisher, mais parecesse uma simples escalação de elenco de apoio. O mesmo não se pode dizer do sintonizado casal Raul e Silvia, de Alexandre Borges e Débora Bloch, que em breve entra numa séria crise no casamento com o envolvimento de Raul com Yvone, de Letícia Sabatella.

Entre insanidades, tradições e muita religiosidade, Glória Perez girou confiante a roleta. Apesar de alguns desacertos iniciais, a estréia teve média de 39 pontos e 61% de participação e mostra que despertou atenção. Mas o jogo promete virar. Glória deve colher louros em seu percurso indiano.

Caminho das Índias - Globo - Segunda a sábado, às 21h.

Fonte: TV Press
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