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Cabocla
Segunda, 10 de maio de 2004, 15h46 
Cabocla estréia em busca da audiência de Chocolate
 
André Bernardo
 
Reinaldo Marques/Terra
Vanessa Giácomo diz que não está com medo da estréia
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Para o dicionário Aurélio, cabocla é pura e simplesmente o mestiço do branco com o índio. Mas, para o diretor Ricardo Waddington, responsável pelo "remake" de Cabocla, de Benedito Ruy Barbosa, é mais do que isso: é sedução, inocência, brejeirice...

Foi justamente em busca desses e de outros atributos que ele escalou a estreante Vanessa Giácomo para interpretar a personagem-título da próxima novela das seis da Globo, que estréia 10 de maio. "A Vanessa não vai simplesmente interpretar a Cabocla. Ela é a própria Cabocla!", enaltece.

A responsabilidade de protagonizar a novela não tira o sono dessa morena de Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro. A calma da novata chega a ser inquietante para quem nunca trabalhou numa produção do gênero. "Se eu disser que não estou com medo, você acredita? Os diretores me passaram segurança. Estou confiante no meu trabalho", garante.

Mas não é só Vanessa que pode ser chamada de estreante em Cabocla. O próprio Ricardo Waddington, em 20 anos de Globo, nunca dirigiu uma produção de época. Parceiro fiel de Manoel Carlos, sempre dirigiu tramas urbanas, contemporâneas, como Laços de Família e Mulheres Apaixonadas. Mais do que nunca ter dirigido uma produção de época, Ricardo está preocupado mesmo em manter a excelente audiência herdada por Chocolate com Pimenta, de Walcyr Carrasco: média de 38 pontos e picos de 43. "O que aconteceu com a novela do Walcyr é uma exceção da regra. Não se trata de um capítulo que deu 38, mas de uma novela que deu 38! Mas também estamos na briga. Temos novela para isso!", empolga-se.

Por via das dúvidas, Ricardo Waddington procurou se cercar de alguns dos atores que ajudaram a fazer de Mulheres Apaixonadas, de Manoel Carlos, o sucesso que foi. Lá estão Tony Ramos, Regiane Alves, Vera Holtz, Carolina Kasting... Muitos deles, inclusive, nunca trabalharam antes com Benedito. É o caso de Tony Ramos, o Coronel Boanerges de Cabocla. "Já conheço o Benedito há 40 anos. E, há 40 anos, a gente vem se namorando. Infelizmente, esse namoro nunca dava certo...", brinca o ator.

Ao contrário de Tony Ramos, Patrícia Pillar já é uma velha conhecida de Benedito. Quase um talismã. O "remake" de Cabocla é a quinta parceria dos dois. Antes, fizeram Vida Nova, Sinhá Moça, Renascer e O Rei do Gado. "Já conheço bem o universo do Benedito e tenho profunda afeição por ele. É bom fazer novela quando o autor tem o que dizer", elogia a atriz.

É na fazenda de Boanerges e Emerenciana, aliás, que acontece o romance entre a caboclinha tímida do interior de Minas e o advogado tísico do Rio de Janeiro. Para interpretar o moço da cidade grande que vira a cabeça da protagonista, Ricardo Waddington optou também por uma de suas "descobertas": Daniel de Oliveira. Foi através dele que Daniel estreou na Globo em 2000, quando interpretou o Marquinho na primeira temporada de Malhação Múltipla Escolha, já sob responsabilidade do Núcleo do diretor. "Até outubro, a ralação vai ser total. Mas não posso dar mole. Se o protagonista for mal, a novela toda fica capenga...", admite Daniel.

Mas nem só de belas histórias de amor se faz uma novela de Benedito Ruy Barbosa. Como não poderia deixar de ser, Cabocla faz menção também à disputa de terra entre os coronéis Boanerges e Justino, interpretados por Tony Ramos e Mauro Mendonça.

"Só tem direito à terra aquele que a faz produzir, para si e para seus semelhantes. É isso que vamos defender", avisa Edmara Barbosa, que adapta, 25 anos depois, o texto original do pai em parceria com a irmã Edilene.

Na verdade, Benedito Ruy Barbosa voltou a discutir a questão da terra em novelas como Paraíso e Renascer. Na época de O Rei do Gado, por exemplo, chegou a receber ameaças de morte de alguns latifundiários, indignados com a abordagem do tema da reforma agrária na novela. "Se eu não tomar cuidado com o que digo, posso colocar fogo no sertão. Mas toda novela que se preza tem de ter algo que valha a pena discutir", sublinha.

Negócio de família
As irmãs Edmara e Edilene Barbosa são diametralmente opostas entre si. E as diferenças tornam-se ainda mais evidentes quando elas sentam ao computador para trabalhar. Edmara, de 43 anos, é a mais disciplinada das duas e não abre mão de escrever no mais completo silêncio. Já Edilene, dois anos mais nova, se diz mais parecida com o pai. Ela também consegue produzir na mais absoluta desordem, com crianças na sala ou televisão ligada. "Não estamos nervosas ou preocupadas. Tivemos o melhor professor que um autor pode ter", gaba-se Edilene.

Durante anos, Edmara e Edilene trabalharam à sombra do pai, como colaboradoras de novelas como Pantanal, O Rei do Gado e Terra Nostra. Dessa vez, Benedito Ruy Barbosa assume o papel de supervisor do texto das filhas. E, como tal, não hesita em fazer observações que julga indispensáveis, como não incluir cenas desnecessárias na estrutura original da novela, prestar atenção ao linguajar da época e, principalmente, colocar mais fogo no entrecho político de Cabocla. "Brinco com meu pai que mexer na obra de uma cara morto é fácil. Difícil é mexer na obra de um vivo", implica Edmara.

Apesar de felizes com a oportunidade, Edmara e Edilene sabem das agruras por que passam os autores de novela. Na época de Esperança, as duas viram o pai trabalhar 14 horas diários e fumar até quatro maços por dia. "Meu pai não tem mais condições de escrever novelas. Atualmente, ele não senta no computador nem para jogar paciência", garante Edilene.

Aos 72 anos, Benedito é obrigado a concordar com as filhas. Mas se diz orgulhoso por ter ensinado a elas o que considera o mais importante. "Elas têm de respeitar a si mesmas em primeiro lugar e não fazer nada de que tenham vergonha de contar aos filhos e netos", ensina ele.

Instantâneas
# A novela Cabocla marcou a estréia de Glória Pires como protagonista. Mas ela só ficou com o papel porque Sônia Braga recusou o convite para fazer um curso nos Estados Unidos.
# Durante as gravações da novela, Glória Pires e Fábio Jr. começaram a namorar. Casados, tiveram uma filha, Cléo, que foi sondada para fazer o papel da mãe na nova versão de Cabocla.
# O único ator a participar das duas versões de Cabocla é Cosme dos Santos. Na versão anterior, ele fez Zaqueu, dono de uma venda de beira de estrada. Na atual, faz Nastácio, homem de confiança de Boanerges.
# Boa parte do elenco de Cabocla passou 20 dias em um haras no Rio. Lá, Vanessa Giácomo e Patrícia Pillar tiveram aulas de bordado, culinária e ordenha.

Caçador de estrelas
O diretor Ricardo Waddington pode ser considerado um dos maiores "descobridores de talentos" da atualidade. Só na minissérie Sex Appeal, escrita por Antônio Calmon em 1990, revelou quatro beldades: Luana Piovani, Carolina Dieckmann, Camila Pitanga e Danielle Winits. Recentemente, descobriu também Priscila Fantin, Reynaldo Gianecchini e Mel Lisboa.

A mais nova "descoberta" de Ricardo é Vanessa Giácomo, escolhida entre outras 15 meninas para interpretar a protagonista de Cabocla. "Procuro atores que possam ser os personagens e não apenas interpretá-los. Adequação e não composição", explica.

Desde que foi escalada para protagonizar a nova novela das seis da Globo, Vanessa Giácomo foi gentilmente aconselhada por seu mentor a não fazer nada que pudesse atrapalhar a carreira de atriz. Comerciais, entrevistas e eventos, por exemplo, foram proibidos.

Mas os cuidados do diretor não param por aí. Na hora das gravações, Vanessa dispõe da ajuda de Paloma Riani, preparadora de elenco das novelas da Globo há seis anos. É ela quem passa o texto com os atores menos tarimbados e tira dúvidas elementares, como posicionamento de câmaras e marcação de texto. "Nossa obrigação é dar estrutura a Vanessa. Se ela quebrar a cara, a responsabilidade é nossa!", salienta ele.

Entre tapas e beijos
De quando em quando, os autores de novela vão buscar inspiração no dramaturgo inglês William Shakespeare para criar histórias de amor impossível. Com Benedito Ruy Barbosa, não é diferente. O casal Romeu e Julieta de Cabocla é Neco e Belinha, vividos por Danton Mello e Regiane Alves. Os dois se conhecem na viagem de trem que os leva do Rio de Janeiro até Pau D´Alho, a última parada do trem antes de Vila da Mata. Sem imaginar de quem são filhos, Neco e Belinha se encantam um pelo outro desde o primeiro momento em que se olham. O casal sequer imagina que uma verdadeira guerra entre famílias vai acontecer quando eles chegarem a Vila da Mata.

O ator Danton Mello volta a fazer novelas na Globo depois de quatro anos. Seu último trabalho na emissora foi Terra Nostra, em 2000, do próprio Benedito. Depois disso, fez apenas Jamais Te Esquecerei, no SBT. "O Neco tem tudo a ver comigo. Ele também nasceu no interior e foi criado na cidade grande", compara o ator, mineiro de Lavras.

Já Regiane volta a aparecer no vídeo depois do furacão Dóris, de Mulheres Apaixonadas. Cautelosa, ela não desconfia como as pessoas vão receber a nova personagem. "Boa pergunta... Estou ansiosa para saber. Espero que o público veja uma atriz interpretando uma personagem completamente diferente da anterior", anseia.
 

TV Press
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