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Sábado, 24 de maio de 2008, 09h44  Atualizada às 09h46
"Tive várias discussões na Globo", diz Alinne Moraes
 
Márcio Maio
 
Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias/TV Press
Alinne Moraes vive a vilã Sílvia em  Duas Caras
Alinne Moraes vive a vilã Sílvia em Duas Caras
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Alinne Moraes afirmou que teve muitas discussões na Globo para que a aceitassem no papel de uma vilã. Ela não se conformou ao ler na sinopse de Duas Caras que sua personagem seria mais uma menininha apaixonada e decidiu se rebelar. Para isso, aproveitou a ausência de grandes vilões que existia no início da história de Aguinaldo Silva e transformou sua personagem, a mimada e charmosa Sílvia, em uma malvada capaz de matar criancinhas.

» Veja fotos de Alinne Moraes em novelas
» Leia o resumo de 'Duas Caras'

E conseguiu, em sete meses, fazer da menina esnobe e rica do roteiro inicial uma depressiva, psicopata e, enfim, ninfomaníaca.

"Me livrei de todos os preconceitos e mostrei um lado meu que ainda não tinha sido explorado na TV, mais sexy e despudorado. Pelo visto, deu certo", opina.

A busca pelo sucesso nesse trabalho se explica facilmente se analisarmos as últimas aparições de Alinne em novelas. Em 2004, a atriz ganhou o papel de mocinha na trama insossa Como uma Onda, que não emplacou.

No ano seguinte, foi escalada para interpretar Penny Lane, uma espécie de Julieta às avessas da malsucedida Bang Bang. Alinne teve de discutir com os diretores da Globo para dar a volta por cima e conseguir um papel marcante.

Ela queria interpretar uma vilã, mas todos a consideravam "princesinha" demais para um papel como esses. "A solução foi dar um jeito, junto com o Aguinaldo, de apimentar a Sílvia e tentar mudar essa imagem", explica.

No início da novela, sua personagem parecia ser mais uma mocinha em sua carreira. Hoje, às vésperas do último capítulo, a situação se inverteu. O que ocasionou essa mudança?
Sempre achei que o título da novela sugeria que os personagens não fossem nem muito bonzinhos nem muito maus. A primeira cena que recebi da Sílvia mostrava ela discutindo com a mãe por telefone. De cara, enxerguei uma sensação de revolta ali, porque a mãe não queria que ela fosse ao velório do pai.

Além disso, ter estreado no teatro me deu uma força diferente e outra noção de atuação. O tempo é outro no palco. Trouxe as lições e toda a disciplina que aprendi ao fazer a peça Dhrama, O Incrível Diálogo entre Krishna e Arjuna para a novela. Resolvi trabalhar a Sílvia de um jeito diferente do que eu costumava usar nos meus papéis.

De que jeito?
Hoje consigo trabalhar mais a técnica, observar o que funciona e o que não funciona. A Sílvia não tinha nada de vilã, era uma garota sofisticada e com temperamento normal que se casaria com o vilão e a mocinha, Maria Paula, detonaria o casamento. Mas comecei a pensar em estratégias para mudar isso.

Decidi construir uma garota mais seca e, é claro, conversei com o Aguinaldo. Achei melhor não trabalhar muito o carisma da personagem. Como o autor topou, fui fundo. Experimentei um tom de voz mais grave, até bem próximo do meu. Até porque eu só tinha feito mocinhas totalmente do bem e adotava um tom mais romântico e agudo. Os detalhes funcionaram e o papel cresceu e tomou proporções que eu não imaginava. Mas também me deu muito mais trabalho e me deixou arrasada no início.

Qual foi a parte mais difícil dessa composição?
Sou muito ansiosa e isso é um problema. Toda atriz precisa encontrar a melhor forma de conduzir a personagem para onde você quer. Optei pelo mau humor, nervosismo e raiva, que foi o mais difícil. Eu sempre achei que esse tipo de sentimento você só passa através do olhar.

Então fiz vários exercícios, como morder uma toalha durante horas e deixar o resto do corpo parado. Apostei todas as minhas fichas nesse trabalho. E acho que está funcionando, percebo isso nas ruas através das manifestações do público.

Como são essas reações?
É engraçado porque não acho que as pessoas confundem ator e personagem, mas percebi que certos papéis intimidam mais os telespectadores. Hoje em dia as pessoas me olham torto nas ruas, me deixam esperando nas filas em lojas, enfim, mantém uma certa distância. Recentemente, rasgaram o meu rosto em diversos cartazes de uma campanha de uma marca de jeans no Sul do Brasil.

Isso mostra que a Sílvia pegou como vilã e que não é esse tipo de mau caráter carismática da TV. Acho que o próprio texto do Aguinaldo deixou isso claro, ela não tinha de ser simpática. A Sílvia se tornou uma personagem má para valer, capaz de dezenas de atitudes que eu jamais imaginei interpretar. Por isso mesmo precisei me despir de vários preconceitos para conseguir o resultado que hoje se vê no ar.

Quais preconceitos?
Nunca me deixei ser tão sensual na televisão antes. Claro que, como interpretei uma surfista, já fiz algumas cenas em trajes de banho e com roupas mais curtas. Mas nunca foi tão ousado como agora. Nessa reta final da novela, além de se mostrar uma verdadeira psicopata, a Sílvia ganhou características um tanto quanto ninfomaníacas. Pela primeira vez na minha carreira não estou ligando para isso. Já vi que está me favorecendo no ar, então não vou ficar pensando se está certo ou errado.

Mas no início da novela você foi bastante criticada por conta da sua atuação.
Nossa, sofri muito nessa época. Lia nos jornais e via as pessoas falando em programas de TV que eu estava dura e seca demais, que a voz estava errada e era horrorosa. Sinceramente, não estava acostumada com isso. Desde a minha estréia, que foi sem preparo algum, eu era elogiada. Ao mesmo tempo em que não ficava feliz com essa situação, sabia que não tinha de mudar. Eu queria que a Silvia se tornasse uma vilã e tinha de ajudar para que isso acontecesse.

Por que você queria tanto que a Sílvia mudasse sua personalidade?
Tive várias discussões na Globo porque queria ser escalada para fazer uma mulher louca ou sem escrúpulos e ninguém acreditava em mim nessa posição. Sempre me diziam que eu era princesinha demais e que não iria convencer o público. Nunca fui de reclamar de beleza, até porque sei que foi isso que me abriu portas e me fez ter condições de levar a vida que levo hoje.

Estreei na TV sem a menor experiência por conta da minha trajetória como modelo e sei que era fundamental ser bonita para isso. Mas talvez eu tenha dado um toque tão angelical aos meus trabalhos que fosse mesmo difícil acreditar que eu era capaz de fazer outras coisas. Desde o início percebi que Duas Caras teria de marcar esse diferencial na minha carreira. E posso dizer que marcou. Foi meu maior sucesso na TV.

Quando você estreou, não tinha experiência em interpretação. Como você avalia sua carreira hoje, sete anos depois?
Há pouco tempo reprisaram Coração de Estudante, que foi minha primeira novela. Não assisti a muitos capítulos, mas o pouco que vi já deu para perceber como eu era fraquinha. Nossa, bate um certo constrangimento de ver aquelas cenas, mas também era normal.

Não sabia nada da vida, tinha 17 anos e de repente consegui a vaga. Mas já naquela época batalhei, me empenhei e o papel cresceu bastante. Agora já fiz algumas novelas, consegui protagonizar um folhetim, fazer uma menina com um tumor, interpretar uma homossexual e viver uma psicopata. Acho que preciso só de um próximo trabalho que fuja desse lado tão polêmico ou vilão.

Que tipo de personagem?
Já participei de alguns programas de humor da Globo e gostei muito. Acho que me daria bem em um papel cômico e conseguiria tirar essa carranca que a Sílvia deixou. Foi um trabalho intenso, uma novela cheia de polêmicas e que me deixou marcada no início, por acharem que eu estava fora do tom, e do meio para o final, por minha personagem se transformar na mais maquiavélica da história. Agora seria bom ter um papel mais leve e divertido, que faça o público rir.

Altos e baixos
Alinne Moraes não nega que estreou na TV totalmente crua e sem qualquer segurança para atuar. Mas o fato de ter ganhado um papel quase de elenco de apoio em Coração do Estudante trouxe alívio e tempo para começar a estudar.

E foi o que ela fez, tanto que sua participação cresceu consideravelmente até o último capítulo. Na pele da estudante e mãe solteira Rosana, a moça conheceu a fama e garantiu aparições esporádicas em programas da Globo. "Apesar de toda a inexperiência, acho que estreei com o pé direito. Tanto que na minha segunda novela já ganhei muito espaço", lembra, referindo-se à homossexual Clara de Mulheres Apaixonadas.

Apesar de reconhecer o destaque de Clara na trama de Manoel Carlos, Alinne confessa que, na época, sentiu medo de aceitar o convite. Não por receio de ficar marcada, mas por conta do sucesso que conquistou na carreira de modelo, anterior à sua entrada na TV. "Se não fosse conhecida nesse meio, acho que eu poderia passar por uma fase de poucos convites para publicidade", assume.

No final, Alinne se tornou ainda mais famosa por conta da discussão a respeito de um possível beijo entre sua personagem e seu par romântico na história, Rafaela, de Paula Picarelli.

E sua atuação lhe rendeu um papel no ano seguinte em Da Cor do Pecado, disputando o protagonista Paco com a mocinha Preta, de Taís Araújo. "Saí da polêmica da homossexualidade para fazer uma jovem condenada por um tumor na cabeça", recorda.

Já com alguma bagagem na TV, Alinne ganhou a vaga de protagonista de Como uma Onda. Mas, o que para Alinne parecia um momento de virada acabou se tornando uma experiência frustrante. "Foi um passo largo demais", admite.

Depois, marcou presença mais uma vez em uma novela mal-sucedida, Bang Bang, na pele da espevitada Penny Lane. "Acho que a Sílvia é o meu grande momento de virada. Agora estou pronta para trabalhos mais ousados e que exijam ainda mais de mim", gaba-se, valorizando sua atuação em Duas Caras.

Apoio em cena
Para Alinne Moraes, tanto o sucesso de Sílvia em Duas Caras quanto o desenvolvimento da personagem se deram por conta do apoio de vários colegas de trabalho.

A atriz garante que várias das cenas em que a personagem esnobe ganhou espaço contaram com pitacos e dicas de colegas como Susana Vieira e Betty Faria. "As duas conversavam comigo escondidas do diretor e me ajudavam a incluir palavras e atitudes que depois faziam toda a diferença no ar", garante.

Além da ajuda no set de gravação, Alinne contou também com seu instrutor de interpretação particular, Roumer Canhães. "Desde minha estréia faço exercícios com ele. Sempre me preocupo com minha carreira, mesmo quando não estou no ar", valoriza-se.

Trajetória televisiva
Coração de Estudante (Globo, 2002) - Rosana
Mulheres Apaixonadas (Globo, 2003) - Clara
Da Cor do Pecado (Globo, 2004) - Moa
Como uma Onda (Globo, 2004-2005) - Nina
Bang Bang (Globo, 2005-2006) - Penny Lane
Duas Caras (Globo, 2007-2008) - Sílvia

 

TV Press
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