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Duas Caras
Sábado, 5 de abril de 2008, 14h03  Atualizada às 13h55
Alguns personagens tornam 'Duas Caras' pouco convincente
 
Gabriela Germano
 
TV Globo/Divulgação
Wilson de Santos está no elenco de  'Duas Caras'
Wilson de Santos está no elenco de 'Duas Caras'
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A licença poética é sempre uma boa desculpa para os autores justificarem suas invenções e fugas da realidade em uma obra. Mas qualquer ficção precisa respeitar alguns limites para convencer e, em Duas Caras, de Aguinaldo Silva, a falta de verossimilhança em algumas cenas e até na trajetória de determinados personagens extrapola as fronteiras do aceitável.

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» Leia o resumo da novela 'Duas Caras'

O casal formado por Juvenal Antena, de Antonio Fagundes, e Alzira, interpretada por Flávia Alessandra, não tem química e faz a relação entre os dois parecer pouco crível. Tanto é que, depois de se casarem, os dois aparecem bem menos juntos do que antes.

Há, no entanto, histórias ainda menos convincentes como a de Jojô, vivido por Wilson de Santos. O fato do personagem ser heterossexual e apenas fingir a homossexualidade já é pouco sustentável. O motivo que o leva a manter essa postura então - ganhar dinheiro administrando um bordel para manter a família - beira o inacreditável. Mas não é o único caso.

Outra trama que, em vez de engraçada, torna-se forçada é a da fogosa Maria Eva, personagem de Letícia Spiller e do fantoche Gabriel, de Oscar Magrini. A vida sexual superativa do casal chega a intimidar os filhos. E a menina Ramona, de Marcela Barroso, faz o papel da verdadeira senhora da casa. Mas sua postura crítica em relação ao excesso de animação dos pais é, no mínimo, artificial. Além de tornar a personagem uma chata e estigmatizar a jovem atriz, sempre lembrada por fazer a certinha dos folhetins.

Na Portelinha, o triângulo amoroso formado por Bernardinho, Heraldo e Dália, dos atores Thiago Mendonça, Alexandre Slavieiro e Leona Cavalli respectivamente, já não soava natural. E, de uns tempos para cá, os personagens deram teto para o aproveitador Carlão, de Lugui Palhares, sem justificativa plausível. A chegada do intruso não acrescenta nada à história do trio, é gratuita.

Em outro núcleo, faltam argumentos consistentes para que Débora, de Juliana Knust, não tenha logo colocado um ponto final nas chantagens do motorista João Batista, vivido por Julio Rocha. A moça poderia muito bem ter amenizado o episódio que a separou do mecânico Antonio, de Otávio Augusto, se antes do ex-amante ela mesma tivesse contado suas aventuras sexuais do passado. Como desfecho para uma situação mal conduzida, uma gravidez mais do que previsível é anunciada.

O que parece é que Aguinaldo Silva escreve duas novelas dentro de uma porque, ao mesmo tempo que desenvolve situações e personagens tão frágeis, apresenta outras discussões com bastante propriedade. É o que acontece quando leva algumas questões polêmicas do dia-a-dia real para a novela, como a disputa entre o poder paralelo e o oficial no Rio de Janeiro, por exemplo.

O embate travado entre o líder da favela Juvenal Antena e o deputado Narciso, de Marcos Winter, é representado com diálogos pertinentes, sem menosprezar a boa atuação dos intérpretes.

Carregar a polêmica dos cartões corporativos para a trama também foi uma boa sacada do autor, apesar da postura da personagem Célia Mara, de Renata Sorrah, continuar parecendo piada.

O texto inconstante é outro ponto que faz de Duas Caras uma novela instável. Enquanto no núcleo dos poderosos como Barreto e Gioconda, de Stênio Garcia e Marília Pêra respectivamente, as falas continuam brilhantes, nas cenas em que aparecem os pobres da história o mau gosto e até a linguagem chula imperam.

Menos frágil é a audiência da novela das oito. A produção mantém uma média de 43 pontos de audiência, boa marca para os padrões atuais. Os números ainda podem melhorar com uma prevista recaída da mocinha Maria Paula, de Marjorie Estiano, pelo vilão Ferraço, de Dalton Vigh.

As loucuras de Silvia - que Alinne Moraes tem defendido tão bem - são outro atrativo com capacidade de esquentar ainda mais o folhetim. Sem contar que Juvenal ainda pode morrer e voltar. O que confirmaria a tese de que mesmo em uma novela com uma proposta tão realista vale tudo - até o absurdo - para chamar a atenção.
 

TV Press
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