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Christina Rocha, Herbert de Souza e Luiz Bacci apresentam o Aqui Agora |
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Reestrear o Aqui Agora e denominá-lo de "jornal brasileiro" só mostra o o tamanho do desprezo de Silvio Santos pelo jornalismo e pela inteligência de seus espectadores.
O noticiário, que fez sucesso na emissora no início da década de 90, volta à grade de programação ainda mais grosseiro do que o original.
Com o lema de "mostrar a vida como ela é", a primeira versão ao menos trazia alguma novidade em relação aos telejornais apresentados por âncoras engomadinhos e com matérias engessadas.
Era popular, agora é só de mau gosto. Apresenta notícias velhas, fatos sem nenhuma relevância e reportagens comandadas por figuras despreparadas.
O resultado é tão "trash" que chega a ser engraçado. Em alguns momentos, lembra o filme Borat, em que Sacha Baron Cohen encarna um bizarro jornalista. Mas não chega a ser interessante a ponto de merecer uma segunda olhada.
A fabricação das notícias é tão artificial que, ao cobrir algum acontecimento trágico e não encontrar a carga de dramaticidade desejada, o repórter não hesita em apelar.
Com o microfone em punho, questiona pessoas envolvidas na situação até conseguir arrancar lágrimas do entrevistado. A pauta se mantém, mesmo que nada de realmente importante tenha acontecido. A impressão é que o custo de saída da equipe e as horas de trabalho têm de se reverter em matérias, mesmo que tenha de se apelar para o absurdo.
Essa mesmo lógica econômica vale para a reciclagem de material. Um crime, mesmo ocorrido há cinco dias, pode render uma matéria em tom novidadeiro. Basta ir conversar com alguém que presenciou o ocorrido, mesmo que não acrescente nada ao que já se sabe do fato.
O palco é dividido por quatro apresentadores: Christina Rocha, Herbert de Souza, Joyce Ribeiro e Luiz Bacci. Há ainda espaço para uma platéia de universitários. Eles são chamados a falar sobre determinado tema e, claro, são expostos ao ridículo.
Depois que Silvio Santos passou a utilizar estudantes de faculdades de qualidade duvidosa em seus programas de auditório, ser um universitário deixou de ter qualquer prestígio. E para quem acabou de entrar na escola de jornalismo, o Aqui Agora é uma aula do que não fazer.
Apesar da profusão de besteiras, a produção insiste em se travestir de telejornal "normal". Com direito a giro de notícias com acontecimentos por todo o mundo e entradas ao vivo para mostrar as sempre congestionadas avenidas de São Paulo na hora do "rush".
Os respingos sobram até para Carlos Nascimento, que só passa por ali para anunciar as manchetes de seu SBT Brasil. Um jornalista sério e profissional como ele deveria procurar ambientes melhores para freqüentar.
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