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Sete Pecados
Domingo, 13 de janeiro de 2008, 18h05  Atualizada às 18h04
Paulo Betti se identifica com seu personagem em novela
 
Mariana Trigo
 
Marcelo Pereira/Terra
Paulo Betti vive um arqueólogo em  Sete Pecados
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Paulo Betti é um idealista. Confortavelmente acomodado num sofá de sua espaçosa casa em estilo neoclássico no Itanhangá, na zona oeste do Rio, o ator fala praticamente com a mesma emoção sobre a infância pobre com 14 irmãos e de seu atual personagem em Sete Pecados, na Globo.

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Sempre com um esboço de sorriso no rosto, Paulo não tem receios de ser mal interpretado. Nem mesmo quando assume que sempre vai se posicionar politicamente, independentemente se isso possa vir a prejudicar sua carreira como ator.

Por isso mesmo, o ator nascido na pequena Rafard, no interior de São Paulo, há 55 anos, se identifica tanto com o arqueólogo Flávio. Pai da diabólica Beatriz, de Priscila Fantin, o milionário sofreu um grave acidente e ficou meses desaparecido até surgir na história para dar uma lição na filha, que ficou pobre ao ter de devolver sua fortuna para o pai.

Em sua primeira novela de Walcyr Carrasco, Paulo se empolga ao descrever as qualidades do personagem que tem como meta aproveitar a vida. "Dois terços da minha vida já se foram. Não tenho mais afobamentos. Assim como o Flávio, quero viver com o pé no chão e realizar meus sonhos possíveis", filosofa.

Na televisão, além de personagens marcantes, um dos sonhos do ator é assistir a um campeonato de novelas. Sem questionar os custos de produção e deslocamento que implicaria esse projeto, Paulo acredita que o ideal seria cada estado produzir uma trama sobre seus costumes regionais.

Para ele, essas novelas deveriam ser exibidas no horário das seis em cada localidade. "A que tivesse melhor audiência poderia entrar em rede nacional às sete da noite. Seria uma bela forma de dar um gás e renovar a teledramaturgia com outras temáticas", sonha.

Há tempos você não atua com personagens de destaque em novelas. Apenas tem feito pequenas participações. O que fez você retornar com o Flávio?
Não queria ter ficado distante de grandes personagens, mas estava dedicado a projetos como meu filme, o Cafundó. Cheguei a fazer Malhação e participações em A Grande Família e especiais.

Não planejei isso. Mas decidi realmente voltar quando recebi um convite do diretor Jorge Fernando. Encontrei com ele num aeroporto e ele parecia ter me redescoberto. Não nos falávamos desde que fiz A Próxima Vítima. Ele comentou com o Walcyr e decidiram me escalar. Mas o que me fez voltar mesmo foi o fato de começar a gravar a novela no Piauí. Tinha muita curiosidade de conhecer a região de Sete Cidades, onde gravamos.

O Flávio é um arqueólogo, mas sua profissão não é tão relevante na história. Por onde você começou essa composição?
Como ele ficou muito tempo perdido, pensei em deixá-lo barbudo. Comecei a gravar com uma barba desleixada e o cabelo grande. Depois, acharam melhor tirar a barba. Mas mantive o cabelo de alguém que não se arruma muito.

Uso também uma joelheira e uma cotoveleira por baixo do figurino. Como ele teve uma lesão na perna e no braço, preciso me lembrar onde é para ele mancar do lado certo. Senão, na hora de fazer a cena, saio andando normalmente. O fato dele ser arqueólogo realmente não pediu composição. Minha inspiração básica foi o contato com a natureza do Piauí. O personagem veio nessa convivência.

Grande parte dos seus personagens na televisão foram cômicos, como o Timóteo, de Tieta, ou policiais e políticos. Justamente em sua primeira novela com o Walcyr Carrasco, que normalmente escreve comédias, você tem feito um tipo dramático, que corre risco de morte. Isso foi um estímulo?
Sempre tive uma queda pela comédia em novelas. O que me atrai no Flávio, que é diferente de tudo que já fiz, é que ele tem uma alma muito iluminada. É uma pessoa absolutamente do bem. A relação dele com a Clarice, da Giovanna Antonelli, é amorosa, compreensiva.

Acredito que é o personagem que fiz que as pessoas mais gostariam de conviver. As mulheres apreciam um homem como o Flávio. Ele é bem-nascido, rico, tem fortuna, mas é generoso, simpático, carinhoso.

Mas tantas qualidades podem também transformar o personagem num tipo chato, previsível. Como você foge desse lugar-comum?
O fato dele lidar muito bem com a possibilidade de morrer, sem ter autopiedade. Como ele sofreu um acidente grave e ficou muito tempo sem memória, virou um cara desprendido. Tem muito dinheiro, mas está mais preocupado com outros valores, em aproveitar a vida e se dar bem com as pessoas. Quer que a filha seja uma pessoa legal.

Ele convive bem com a perspectiva de morrer a qualquer momento por uma doença misteriosa e não perde a tranqüilidade. É um papel bem diferente na minha história.

Que personagens mais marcaram sua carreira na televisão?
Indefectivelmente, foi o Timóteo, de Tieta. É meu personagem mais popular até hoje, com muitos bordões. Quem não se lembra dele falando "Sum Paulo", "Nus trinques", "Di jeito ninhum"? Até hoje encontro as pessoas nas ruas e elas lembram dele.

O detetive Olavo de A Próxima Vítima me traz boas recordações, assim como o André Amadeu, que fiz em Os Imigrantes, na Band. Outro tipo inesquecível foi o Carlão Batista de Pedra Sobre Pedra e o Odorico, de Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados.

Papéis interioranos, como personagens típicos de cidades pequenas, são mais próximos de compor por trazerem lembranças de sua infância e adolescência no interior de São Paulo?
Eles têm o gosto da minha terra. Nasci em Rafard, perto de Campinas, e fui criado por ali, entre Sorocaba e Piracicaba, nesse meio. Morei em Sorocaba dos três aos 20 anos. Saí em 1972 para fazer Escola de Arte Dramática na USP.

Desde que estreei na televisão, em 1981, com Os Imigrantes, esses personagens populares traçam minha história. Tive uma carreira de sucesso com eles. Tive sorte também de ter saído da USP direto para a Unicamp para dar aulas de teatro por sete anos.

Desde os tempos de faculdade, você começou uma militância política apoiando vários governos. De que forma isso influenciou e influencia na sua carreira?
Nunca vou conseguir ter uma atitude neutra. Sempre acho que vai ter uma escolha melhor para ser feita. Sempre é possível mostrar uma opção melhor e vou alardear sobre um caminho que acredito.

Gosto de política, sou interessado no assunto e sempre acho que posso dar um palpite. Não sou político profissional e nunca serei. Minha sede política está relacionada com a minha infância. Fui um menino que estudou em escola pública. Sou o 15º filho de uma família de camponeses, de lavradores. Meus pais eram analfabetos. Freqüentei a roça dos meus pais, do meu avô. Meu comprometimento político está relacionado com a vivência de ter sido um menino pobre, mas que teve um estado presente, um governo que oferecia uma educação pública boa.

Tento me posicionar a partir desse olhar, sobre o que seria melhor para os pobres e carentes. Penso nisso antes de escolher o político que vou apoiar e sempre vou apoiar alguém que acho que vai fazer coisas melhores no sentido da redistribuição de renda e do favorecimento dos mais pobres. Mas não acho que isso tenha influenciado diretamente na minha carreira.

Sua biografia lançada pela Coleção Aplauso, assinada por Teté Ribeiro, se chama Na Carreira de Um Sonhador. Por que um sonhador?
Porque sempre tenho algum projeto e corro atrás para que ele se realize. Sonho com muitas coisas e batalho muito para que elas aconteçam. Sou um sonhador que tenta botar sempre o pé no chão.

Hoje em dia, por exemplo, sonho em fazer vários filmes, A Canção Brasileira, que filmo este ano, por exemplo. Mas tenho sonhos bem objetivos. Quero ver meu filho João crescer e minhas filhas Juliana e Mariana serem felizes. Não sonho com absurdos. Melhorei muito. Antes tinha muitas certezas e atualmente tenho cada vez mais dúvidas. Amadureci sabendo qual é o meu tamanho na minha carreira, qual a minha dimensão. E estou feliz e tranqüilo com a minha dimensão (risos).

Dedicação multifacetada
Paulo Betti é inquieto na sua profissão. Sempre envolvido em projetos cinematográficos, o ator se prepara para uma série de produções em 2008. Além de transformar a opereta A Canção Brasileira em filme, Paulo está dirigindo a peça Sonhos de Uma Noite de São João, prevista para estrear este ano e inspirada na obra Sonhos de Uma Noite de Verão, de Shakespeare.

Além disso, o ator se dedica a dois documentários. Com o fim de seu programa Novos Nomes em Cena no Canal Brasil, prepara para a emissora um documentário sobre o Fespaco, o maior Festival de Cinema Africano, que vai ser exibido em três capítulos.

Outro documentário, previsto para ser produzido este ano, é sobre o cururu, estilo musical do interior paulista. A produção vai ser sobre a vida do cururueiro Parafuso. "Não sou workaholic, mas são projetos que me interessam muito e são importantes para a cultura popular", explica.

De todos os projetos, o maior orgulho da carreira de Paulo foi ter escrito, dirigido e atuado no longa Cafundó, lançado em 2005. O ator assegura que o longa - que ganhou mais de 20 prêmios em festivais - foi a realização de um projeto pessoal que tinha desde menino.

O filme conta a história de João Camargo, um preto velho, cuja história o ator começou a admirar ainda criança, quando freqüentava a casa de seu avô, um imigrante italiano que trabalhava para um rico fazendeiro negro. "Eu achava que os negros eram superiores porque eram os donos da terra", lembra.

No caminho para a casa do avô, Paulo entrava numa espécie de igreja sincrética que cultuava o preto velho, uma espécie de líder carismático espiritual que viveu 84 anos em Sorocaba. "Não sou umbandista nem católico. Acredito em algumas coisas e tenho fé. Ter feito esse filme foi uma missão cumprida", orgulha-se o ator.

Sem transformações
Em 2004, 20 anos após sua estréia na Globo, Paulo Betti foi chamado para protagonizar a novela Metamorphoses na Record, realizada em parceria com a produtora Casablanca.

Após passagens pela Band, Manchete e Tupi, este foi o primeiro e único trabalho na Record. Mas também o mais traumático na carreira televisiva do ator. Apesar de nomes de peso no elenco, como Gianfrancesco Guarnieri, Miriam Muniz e Joana Fomm, a trama que girava em torno do mistério de jóias roubadas saiu do ar antes do previsto.

"Não sei porque não deu certo. Em seguida, voltei para a Globo, onde está a maior parte da minha história", desconversa.

Trajetória Televisiva
Como Salvar Meu Casamento (Tupi, 1979)
Os Imigrantes (Band, 1981) - André
Transas e Caretas (Globo, 1984) - Dirceu
Vereda Tropical (Globo, 1984) - Marco
De Quina Para a Lua (Globo, 1985) - Bruno Scapelli
Hipertensão (Globo, 1986) - Laerte
Carmem (Manchete, 1987) - Ciro
Colônia Cecília (Band, 1989) - Giovani
Tieta (Globo, 1989) - Timóteo
Pedra Sobre Pedra (Globo, 1992) - Carlão Batista
Mulheres de Areia (Globo, 1993) - Wanderley
Incidente em Antares (Globo, 1994) - Cícero
Engraçadinha...Seus Amores e Seus Pecados (Globo, 1995) - Dr. Odorico
A Próxima Vítima (Globo, 1995) - Detetive Olavo
O Fim do Mundo (Globo, 1996) - Joãozinho de Dagmar
A Indomada (Globo, 1997) - Ypiranga
Chiquinha Gonzaga (Globo, 1999) - Carlos Gomes
Força de Um Desejo (Globo, 1999) - Higino Ventura
Luna Caliente (Globo, 1999) - Ramiro
Os Maias (Globo, 2001) - Joaquim
O Clone (Globo, 2001) - Armando
Desejos de Mulher (Globo, 2002) - Alex Miller
Kubanacan (Globo, 2003) - Chacon
Metamorphoses (Record, 2004) - Marcos Ventura
Malhação (Globo, 2005) - Miguel
JK (Globo, 2006) - José Maria Alkmin
Paraíso Tropical (Globo, 2007) - Lucena
Sete Pecados (Globo, 2007) - Flávio

 

TV Press
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