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A Pedra do Reino
Sábado, 9 de junho de 2007, 09h59 
Rede Globo mergulha em formato teatral com 'A Pedra do Reino'
 
Márcio Maio
 
Renato Rocha Miranda/Divulgação
Quaderna (Irandhir Santos) é protagonista de  A Pedra do Reino
Quaderna (Irandhir Santos) é protagonista de A Pedra do Reino
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Luiz Fernando Carvalho aposta mais uma vez na linguagem teatral e no formato microssérie com A Pedra do Reino, que estréia dia 12, na Rede Globo. A história, baseada no romance homônimo de Ariano Suassuna, mistura fantasia e realidade retratando os delírios de Quaderna, o personagem central interpretado pelo pernambucano Irandhir Santos.

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Poeta, charadista e redator de almanaques, o personagem resolve analisar sua árvore genealógica e, a partir daí, passa a acreditar que é "rei". O tratamento poético da produção lembra as duas temporadas de Hoje é Dia de Maria.

Com experiência em cinema e teatro, Irandhir foi escolhido por causa de um teste realizado há quatro anos do início das gravações, que ficou todo este tempo perdido no banco de dados da emissora. "Não esperava que algo fosse surgir por causa daquela fita. Na época, um olheiro me viu em uma peça e gostou", conta o ator.

A microssérie, gravada em Taperoá, no sertão da Paraíba, arrisca ao usar atores regionais para conduzir a história. Assim como Irandhir, a maior parte do elenco não tem nenhuma experiência em televisão. Cacá Carvalho, intérprete do Juiz Corregedor, é um dos poucos que já teve a oportunidade de trabalhar no veículo, inclusive com Luiz Fernando.

Mesmo atuando com equipe amadora, Carvalho não acha que esteja com vantagem em relação aos demais. "Minhas aparições na TV são tão esporádicas que me sinto um ignorante nessa linguagem. Por isso me encaixo no perfil das produções do Luiz", explica ele, que trabalhou com o diretor em Renascer e em A Farsa da Boa Preguiça.

Na história, o Juiz Corregedor investiga a participação de Quaderna em um assassinato e suas pretensões "monárquicas".

Usar um elenco desconhecido pode mostrar grandes surpresas, mas é algo que também exige cuidados extras. Apesar de estrear em junho, a microssérie começou a ser gravada em setembro de 2006 e foi concluída antes do Natal passado. Esses três meses de produção na Paraíba foram condensados em apenas cinco capítulos, que serão exibidos de terça a sábado, e com o horário variado.

Mesmo com os obstáculos, o diretor continuará apostando no formato de microssérie. Para Luiz Fernando, a TV precisa se transformar em mais que diversão, ter dimensão artística em sua programação. ¿Ou sigo por este caminho ou, para mim, nada faz sentido¿, justifica.

O elenco de novatos também contou com a ajuda da atriz Fernanda Montenegro, que ministrou uma palestra antes do início dos ensaios com a equipe inteira. Além dela, os preparadores Ricardo Blat, Tiche Vianna e Lúcia Cordeiro cuidaram dos exercícios de expressão corporal mais adequados aos trabalhos de Luiz Fernando.

Para Ricardo Blat, o que mais contou para que o resultado saísse como o esperado foi essa ausência quase que total de vivência com a TV. Segundo ele, a formação teatral dos selecionados ajuda na hora de intensificar as reações e os sentimentos dos personagens. "Nossa linguagem é expressiva. Tudo tem que ser ampliado através do gestual, do olhar", argumenta Ricardo, que trabalhou com Luiz nas duas temporadas de Hoje é Dia de Maria.

Ao longo dos capítulos, Quaderna seduz e é seduzido por algumas das personagens femininas da trama. Para interpretar a datilógrafa Margarida, Millene Ramalho precisou deixar Paris, onde estava fazendo cursos de interpretação e de canto lírico.

Sobrinha da cantora Elba Ramalho e natural de Campina Grande, a atriz vive na história a mulher escolhida pelo Juiz Corregedor para redigir o depoimento de Quaderna durante o inquérito. Millene, 25 anos, saiu da cidade natal para estudar Artes Cênicas no Rio quando tinha 17 anos.

"Minha personagem reflete a doçura, a delicadeza e o amor puro na microssérie", conta ela, que fez pequenas participações em Da Cor do Pecado e Belíssima. A Pedra do Reino será exibida entre 12 e 16 de junho.

Estréia dupla
A adaptação do livro A Pedra do Reino, lançado em 1971 por Ariano Suassuna, abre caminho para o diretor Luiz Fernando Carvalho colocar em prática uma vontade que já tem há mais ou menos 20 anos. Trata-se do projeto Quadrante, uma idéia de retratar cada estado brasileiro através de uma obra literária transformada para a televisão.

A próxima edição já tem sua história escolhida, apesar de ainda estar sem data prevista de exibição. A eleita, em homenagem ao centenário de morte do Machado de Assis, foi Capitu, e vai contar com artistas cariocas. A meta é trabalhar em todos os estados do País, com duas microsséries por ano.

"Sinto a necessidade de percorrer esses espaços que formam a nossa brasilidade, tentando vivenciá-la através de parcerias com vários talentos locais", explica Carvalho.

A exemplo do que acontece em A Pedra do Reino, as próximas edições do projeto devem contar com atores desconhecidos. Uma das estratégias é lançar nomes que, por estarem fora do eixo Rio-São Paulo ou por falta de oportunidade, não conseguem destaque na TV.

"Quero criar uma espécie de caravana que mostre um país esquecido por conta das grandes capitais", diz o diretor e idealizador.

Instantâneas
- O autor Ariano Suassuna completa 80 anos no próximo dia 16, mesma data da exibição do último capítulo de A Pedra do Reino. Durante as gravações, Ariano visitou a equipe e viu seus personagens encarnados pelo elenco escolhido pela emissora.

- Uma exposição montada no Rio de Janeiro mostra, até o fim do mês, o processo de criação da microssérie. Fachadas de casas projetadas nas paredes e histórias sobre a vida e obra de Ariano Suassuna ocupam os 3000 m² do espaço escolhido pela emissora.

- Simultaneamente à exibição da microssérie, a Editora Globo lança dois volumes autônomos contando relatos sobre a experiência de gravar a microssérie em Taperoá. O primeiro volume conta com seis livretos. Já o segundo, exibe as fotos feitas durante os três meses de trabalho.

Quem é quem
Silvestre (Servílio de Holanda): Filho bastardo de Dom Pedro Sebastião, irmão de Arésio e Sinésio. Percorre os caminhos sertanejos como guia do velho Pedro Cego (Mestre Salustiano), tocador de rabeca. Retirante, encontra forças na busca incessante pelo irmão Sinésio, que desapareceu no dia da morte do pai deles.

João Melchíades (Abdias Campos): Mentor informal de Quaderna, que cresceu ouvindo sua viola e poesias. Por meio de versos líricos, conta ao menino suas origens e os segredos familiares dos Quadernas e dos Garcia-Barretos. Entre eles, o massacre sebastianista na Pedra do Reino promovido por Dom João Ferreira Quaderna, o Execrável, rei do Quarto Império do Brasil e bisavô de Quaderna.

Quaderna (Irandhir Santos): Sertanejo e contador de histórias. Vive pesquisando suas raízes e memórias familiares. Cronista, quer ser o Grande Gênio da Raça, através das letras de sua epopéia de imagens risonhas, sangrentas e poéticas.

Euclydes Villar (Jessier Quirino): Vê o mundo através de sua câmera fotográfica e de suas poesias. Acompanha os amigos nas caçadas para registrar feitos como a captura de uma onça.

Malaquias (Nill de Pádua): Irmão mais próximo de Quaderna. Boêmio e bem-humorado, não deixa o irmão fraquejar ou inferiorizar suas conquistas.

Luís do Triângulo (Tavinho Teixeira): Amigo de Quaderna e companheiro de caçadas, é o dono da fazenda onde está situada a Pedra do Reino.

Argemiro (Américo Oliveira): Trabalha na fazenda de Luís do Triângulo e acompanha o grupo nas caçadas.

Leônidas (Frank dos Santos): Trabalha na fazenda de Luís do Triângulo e acompanha o grupo nas caçadas.

Lino Pedra-Verde (Flávio Rocha): Amigo de infância de Quaderna. Caolho e acostumado a ter visões desde menino, aproveita o dom para produzir versos proféticos e assombrosos. Suas premonições se agravam depois que começa a mascar erva-moura e beber o vinho encantado da Pedra do Reino, cuja receita foi descoberta por Quaderna.

Tia Filipa (Marcélia Cartaxo): Responsável pela criação de Quaderna. Calma e tranqüila, mostra virilidade apenas na maneira como controla tudo o que pode.

Clemente Ravasco (Jackyson Costa): Negro-tapuia, defensor ferrenho da cultura nacional. Advogado e historiador, foi professor de Quaderna na infância. Esquerdista e partidário de Luís Carlos Prestes, sonha com revoluções como as de Zumbi dos Palmares e Antônio Conselheiro. É companheiro e adversário eterno de Samuel, com quem vive às turras.

Samuel Wandernes (Frank Menezes): Fidalgo dos engenhos do Recife que chega a Taperoá para estudar a descendência dos Garcia-Barretos. Promotor de justiça, é apaixonado por brasões, pela aristocracia e por tudo que lembre a Europa. Direitista, defende o integralismo e a fidelidade a Plínio Salgado.

Juiz Corregedor (Cacá Carvalho): Também conhecido por Joaquim Cabeça-de-Porco, é um homem cruel que chega da capital para restaurar a ordem em Taperoá.

Maria Safira (Renata Rosa): Mulher de precipícios e belos olhos verdes. Considerada pela população ¿possessa do demônio¿ e insondável. Casou-se com o velho Pedro Beato depois que foi violentada, mas o marido nunca tocou seu corpo. Sente-se atraída por Quaderna e ele corresponde ao sentimento.

Margarida (Millene Ramalho): Moça da alta sociedade taperoaense. Durante o inquérito, trabalha para o Juiz Corregedor como datilógrafa do depoimento de Quaderna. Pura e recatada, inicialmente repele o acusado, mas logo se deixa seduzir por sua epopéia.

Dom Pedro Sebastião (Pedro Henrique Dias): Tio e padrinho de Quaderna, a quem adotou antes de se casar com sua irmã mais velha, Joana Quaderna. Além disso, é meio-irmão de Maria Sulpícia, mãe de Quaderna.

Arésio (Luiz Carlos Vasconcelos): Individualista, dominador e violento. Regido pelo sangue, tem uma relação conflituosa com o pai. É contra as autoridades, mas despreza teorias revolucionárias.

Sinésio (Paulo César Ferreira): O filho caçula, tem olhos melancólicos. Desaparece logo após a misteriosa morte de seu pai, em 1930. Apesar de ser dado como morto, Quaderna estimula o mito de que ele um dia ressurgirá.

Heliana (Mayanna Neiva): Jovem enigmática e destinada a ser o grande amor da vida de Sinésio.

Edmundo Swendson (Germano Haiuti): Dinamarquês e pai de Heliana e Clara. Sócio de Dom Pedro Sebastião e adversário do usineiro Antônio de Moraes em suas atividades econômicas.

Gustavo de Moraes (Anthero Montenegro): Homem sofisticado que foi para Recife, onde participava da revista de extrema direita Fronteira. Integralista e com idéias totalmente racistas.

Clara Swendson (Iziane Mascarenhas) ¿ Irmã de Heliana que, após um infortúnio, foi prometida como noiva a Sinésio. O pedido de casamento chegou para Heliana, identificada como a moça de pele clara, mas uma confusão com o nome de sua irmã fez com que o pedido fosse aceito em nome de Clara. Com o desaparecimento de Sinésio, passa a namorar Gustavo.

Adalberto Coura (Tay Lopez): Jovem revolucionário franzino que tenta convencer Arésio a se juntar à Revolução Socialista. Apesar de seu idealismo, não se envergonha em que é um fraco. Arésio despreza as teorias revolucionárias.

Moça Caetana (Mayanna Neiva): Mulher bela, mas terrível. Uma cobra coral serve de colar para ela, que é a mensageira da obscura luz e da luminosa sombra do severo enigma da morte.

Genoveva Moraes (Hilda Torres): Filha do usineiro Antonio Moraes e irmã de Gustavo. Moça misteriosa e sensual, costuma deixar os homens perturbados. Seu pai também é alvo de seus olhares lânguidos.

Antônio de Moraes (Jones Melo): Usineiro e, ao se transferir para Taperoá, torna-se grande adversário econômico e político de Dom Pedro Sebastião. Quando este morre, é estranhamente nomeado como inventariante dos bens do falecido. Encanta-se pela sensualidade de sua própria filha, Genoveva.

O Velho Quaderna (Irandhir Santos): Palhaço de circo que percorre as estradas sertanejas contando memórias no palco de sua carroça. Inspirada nas carroças ciganas e com dois palcos giratórios, ela é também sua casa.

Onça Caetana (Jyokonda Rocha): Mistura de bicho-fêmea e mulher. Em um passo de dança, se mostra a morte a Morte.

Dom João Ferreira Quaderna, o Execrável (Nill de Pádua): Bisavô de Quaderna e auto-proclamado Rei do Quarto Império do Brasil. Acreditava que as formações rochosas da Pedra do Reino eram as torres da catedral do reino de Dom Sebastião, rei de Portugal desaparecido no século XVI após uma luta contra os mouros. Em 1838, depois de um sonho com o rei português, é seguido por fanáticos que se oferecem para serem degolados e, assim, desencantarem o Reino. Para que o rei ressuscitasse, era preciso banhar as pedras em sangue de sacrifícios humanos. Até a Rainha, grávida de nove meses, é decapitada.
 

TV Press
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