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Vidas Opostas
Domingo, 13 de maio de 2007, 13h00 
Cecil Thiré afirma ter perfil para encarnar vilões
 
Gabriela Germano
 
TV Press
Cecil Thiré interpreta vilão na novela  Vidas Opostas  da Record
Cecil Thiré interpreta vilão na novela Vidas Opostas da Record
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Cecil Thiré se dá muito bem com figuras de caráter duvidoso. Na ficção, é claro. Mário Carvalho, da novela Vidas Opostas da Record, é mais um inescrupuloso que ele interpreta na carreira.

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Com sede pelo poder, o personagem faz de tudo para alcançar seus objetivos e trama incontáveis falcatruas contra Ísis, de Lucinha Lins, sua paixão não-correspondida da adolescência. Os bandidos de alto calibre sempre "fazem a cabeça" do ator. "Os vilões caem bem para um careca como eu", brinca. Mas os dons de Cecil vão muito além da calvície e da capacidade para encarnar papéis sórdidos.

O ator que estreou profissionalmente, aos 18 anos, no filme Pedreira de São Diogo, já dirigiu novelas como Sassaricando, programas de humor como Viva o Gordo e nunca deixou de dar aulas de interpretação. Fundou, inclusive, a Oficina de Atores da Globo. "Sempre gostei de ensinar", confirma Cecil. Ele nunca deu aulas em casa, mas os filhos não conseguiram escapar à sedução do mundo da interpretação.

Luísa, Carlos e Miguel Thiré enveredaram pelo mesmo caminho do pai. Paixão que vem de longe, já que Cecil carrega também em sua história o fato de ser filho da atriz Tônia Carrero. "Durante algum tempo me conheciam como o filho da Tônia Carrero. Depois isso mudou", afirma, por lembrar-se do auge do sucesso da mãe na década de 50, quando ela fazia filmes na Vera Cruz e chegava a receber três mil cartas por mês.

P - Sua carreira televisiva é marcada por vilões e Mário Carvalho é mais um mau-caráter em seu currículo. Você prefere interpretar personagens malvados?
R - Não que eu prefira, mas os carecas se dão bem fazendo vilão. Mocinho para mim não dá, não tem brilho. O poder que um vilão sempre tem cai bem para um careca como eu. Interpretar o Mário é ótimo. Brinco que ele é um ladrão de colarinho preto, porque ele não usa colarinho branco nunca, as camisas são sempre escuras. É um cara totalmente inescrupuloso e tem muitas contradições. Mas os meus maiores sucessos até hoje foram vilões. O Alex Kundera, de Top Model, em 1989, e o inesquecível Mário Liberato, de Roda de Fogo, em 1986. Esse realmente foi meu papel de maior repercussão até hoje e fui até eleito "muso" do verão na época. Ele era homossexual, praticamente uma senhora, e durante anos todo mundo passou a pensar que eu realmente era homossexual. Até mudarem de idéia foi um inferno.

P - Há também o Adalberto, que foi o assassino em A Próxima Vítima...
R - É claro. Esse na verdade foi um sucesso-relâmpago. Porque o personagem era muito discreto, com pouca importância na trama, e no final transformava-se no grande assassino. Durante três dias fui o homem mais famoso e comentado do país.

P - Onde você buscou inspiração para compor o Mário?
R - Sempre tiro tudo de meu imaginário, apesar de existir muita inspiração por aí hoje em dia. Mas pessoalmente, não conheço ninguém que seja tão oportunista quanto meu personagem, só fico sabendo de gente assim pelos noticiários...

P - Há mais de 30 anos fazendo novelas, sua percepção é de que as vilanias atualmente são mais perdoadas pelo público?
R - Acho que nas novelas em geral o vilão é sempre muito castigado. Mas o público hoje em dia tem vontade de ver tudo mais parecido com a realidade, onde os inescrupulosos não são castigados. No entanto, a verdade é que na teledramaturgia ainda são poucos os autores que tem coragem de não castigar o vilão. Todas as vezes em que fui mau, por exemplo, eu morri. A novela não perdoa, a realidade sim. Em relação ao Mário, não sei se o personagem merece morrer. Acredito que ele deveria ir embora do país, mas certamente ele deve ser preso.

P - Você falou da vontade do público em ver ficção parecida com realidade. Vidas Opostas faz bem essa retratação?
R - Essa novela colocou o ambiente da favela e da penitenciária no ar. É impressionante como as pessoas de renda mais baixa acompanham a novela e se vêem retratadas. Todo brasileiro quer se ver na televisão e se entender melhor através dela, inclusive as pessoas mais simples. Soube, inclusive, que Vidas Opostas faz bastante sucesso entre os traficantes.

P - Essa é sua segunda novela na Record depois de muitos trabalhos na Globo. Quando você foi convidado para fazer Cidadão Brasileiro, estava no elenco do Zorra Total. Por que trocou de emissora?
R - Eu fazia o Zorra Total, mas não tinha contrato, não tinha um compromisso. Recebia cachês. Entre participações esporádicas no humorístico e um trabalho mais longo, não tinha muito o que perder ao deixar a Globo. Além disso, pesou o fato de ter sido convidado pelo Lauro César Muniz, com quem já tinha feito sete novelas. Entrei para fazer uma novela, mas eles me convidaram para permanecer e aceitei, com muito entusiasmo.

P - Na Globo, você não se prendeu à atuação. Também dirigiu novelas, programas de humor e fundou a Oficina de Atores da Globo. Como e por que idealizou esse projeto?
R - Na época criei a casa de interpretação com o objetivo de desenvolver e reciclar atores. Apareciam muito mais iniciantes, é claro. Mas muita gente interessante como Malu Mader e Taumaturgo Ferreira também passaram por lá para conferir o que acontecia. A idéia foi inspirada na Casa de Criação Janete Clair, que formava autores. Pensei que poderia fazer o mesmo, pois há uma lacuna para os atores. Um bailarino se exercita horas por dia na barra antes de mostrar sua coreografia, um instrumentista também treina com as escalas. O ator não. A gente só faz a obra que vai para o consumo do público. No máximo, ensaiamos e temos a chance de errar nos ensaios de teatro. Na televisão não há essa chance. A pretensão da oficina, no entanto, era ser um espaço para os atores se exercitarem. Quando apresentei o projeto, o Daniel Filho era diretor da Central Globo de Produção e comprou a idéia. Fiquei quase dois anos nesse projeto. Mas muita gente não se interessou. Vinha muito iniciante querendo aparecer, não aprender.

P - Como um ator veterano que também sempre deu aulas de interpretação, o que você pensa sobre a presença cada vez maior de jovens na tevê sem nenhuma experiência dramática?
R - Sempre há atores que a gente gosta mais ou a gente gosta menos. Não há unanimidade. Mas hoje há uma tendência muito forte na interpretação da qual eu não gosto: cada um faz o seu papel, vai para diante da câmara e pouco se lixa para o que o outro está fazendo. Eu não ensino assim. Passo para os outros o que aprendi. O ator precisa ouvir, processar e responder. Porque arte cênica é dinâmica, não é estática. Tem de existir interação. Alguém diz uma coisa que muda a minha cabeça, mas se não estou nem aí para o que o outro fala fica difícil. Enfim, acho lamentável a televisão escolher tanta gente pelo brilho pessoal, pelo tipo físico. Em outros tempos não era assim.

P - São 45 anos de carreira e você nunca se afastou dos palcos. O teatro é essencial para o ator?
R - Acho que sim. Mas não penso que seja diferente fazer cinema, teatro ou televisão. A única diferença é a distância que está o espectador, mas o ator está criando personagens da mesma forma. É uma pena que o teatro não tenha mais a força de antes. É uma atividade patrocinada ou inexistente. Houve uma época em que eu fazia teatro e vivia basicamente disso, com sessões de terça a domingo que sempre tinham público. O teatro nunca vai deixar de existir como a ópera e o balé não deixaram de existir. Mas passou a ser uma atividade eminentemente cultural e patrocinada. O teatro continua estética e artisticamente tão importante quanto sempre foi. Só não tem a mesma função de reflexo da sociedade brasileira como antigamente.

P - O fato de ser filho da Tônia Carrero ajudou ou atrapalhou você?
R - A dificuldade de ser filho dela existia antes de eu seguir minha carreira. No colégio, era pesado ser filho de uma celebridade, uma mulher bonita e gostosa. Os garotos mais velhos não me respeitavam muito (risos). Mas ela sempre me ajudou, abriu todas as portas que pôde e que não pôde.

Alto grau de contágio
De um lado a mãe Tônia Carrero, de outro o pai Carlos Arthur, diretor de cinema e artista plástico. Não faltaram influência e inspiração dentro de casa para que Cecil Thiré enveredasse para a carreira artística. O ator cogitou fazer Medicina, na adolescência pensou em ser escritor, mas aos 15 anos resolveu ser diretor de teatro e aos 16 estudava sério para isso. "Estreei profissionalmente aos 18 anos, no episódio 'Pedreira de São Diogo', do filme Cinco Vezes Favela", relembra ele. A passagem de bastão, no entanto, não parou em uma geração. Os três filhos de Cecil Thiré, Carlos, Luiza e Miguel, seguiram a mesma área.

O ator, no entanto, enfatiza que nunca desejou fazer a cabeça de ninguém. "Não dou opinião sobre escolha de vida", confirma. Mas como um pai atencioso, Cecil percebia especialmente os dons de Luiza para a interpretação e não deixava de usar suas artimanhas para encaminhá-la. A estratégia usada era, no mínimo, estranha. Quando ela pedia para participar de um grupo de teatro infantil, ele não deixava. "Tive de implicar um pouquinho de propósito. Porque o que a gente não quer que os filhos façam é o que eles vão fazer", explica o ator, aos risos. A filha acreditou e a estratégia dele funcionou. Sem tempo de desistir

Em 45 anos de carreira, Cecil Thiré nunca pensou e nem teve fôlego para se lamentar das dificuldades da profissão. Ao se declarar um profissional multifuncional, o ator sempre tocou vários projetos ao mesmo tempo e, além do talento, acredita que sempre contou com uma dose de sorte. "A profissão sempre sorriu para mim e geralmente precisava escolher entre um trabalho e outro", conta. O ano de 1975, segundo ele, foi o mais movimentado e, por isso, inesquecível. Cecil mantinha em cartaz a peça A Noite dos Campeões, era diretor e produtor do espetáculo Constantina, com sua mãe, fazia um especial para a Globo chamado A Ilha no Espaço, gravava a novela Escalada e escrevia o roteiro de A Viúva Virgem. "Esse foi meu recorde, nunca toquei cinco projetos ao mesmo tempo. Depois disso passaram a ser só três", analisa em tom de brincadeira.

Trajetória Televisiva
# O Espigão (Globo, 1974) - Silveirinha
# Escalada (Globo, 1975) - Pascoal Barreto
# Duas Vidas (Globo, 1976) - Tomás
# Sol de Verão (Globo, 1982) - Virgílio
# Champagne (Globo, 1983) - Lúcio
# Roda de Fogo (Globo, 1986) - Mário Liberato
# Sassaricando (Globo, 1987) - diretor
# O Salvador da Pátria (Globo, 1989) - Mauro
# Top Model (Globo, 1989) - Alex Kundera
# Araponga (Globo, 1990) - diretor
# Pedra Sobre Pedra (Globo, 1992) - Kleber
# Você Decide (Globo, 1992) - diretor
# Renascer (Globo, 1993) - Olavo
# A Próxima Vítima (Globo, 1995) - Adalberto
# Quem é você (Globo, 1996) - Túlio
# Malhação (Globo, 1995) - Henrique Otávio
# Sai de Baixo (Globo, 1996) - diretor
# Zazá (Globo, 1997) - Túlio
# Labirinto (Globo, 1998) - Ernesto
# A Muralha (Globo, 2000) - Dom Bartolomeu
# Os Maias (Globo, 2001) - Jacob Cohen
# A Padroeira (Globo, 2001) - Capitão Antunes
# Kubanacam (Globo, 2003) - Senador Ramires
# Celebridade (Globo, 2003) - Felipe Bastos
# Carandiru, Outras Histórias (Globo, 2005) - Virgílio
# JK (Globo, 2006) - General Henrique Lott
# Cidadão Brasileiro (Record, 2006) - Júlio
# Vidas Opostas (Record, 2007) - Mário

 

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