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Paraíso Tropical
Sábado, 24 de fevereiro de 2007, 10h00 
Gilberto Braga retrata as ambigüidades do Brasil em novela
 
Gabriela Germano
 
TV Press
Gilberto Braga é o autor da próxima novela da Globo
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O paraíso que Gilberto Braga vai pintar na próxima novela das oito está muito longe do céu. Fica em Copacabana, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro. É repleto de belezas naturais que contrastam com a miséria e a decadência da pobreza e do turismo sexual. O autor vai mostrar tudo isso com uma boa pitada de glamour, como ele tanto gosta.

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"Na ficção, é preciso glamourizar. Vou retratar a Copacabana de hoje, com todos os seus contrastes. Mas com estilo", antecipa Gilberto. Em Paraíso Tropical, novela que substitui Páginas da Vida, na Globo, o autor mistura em seu "jardim das delícias" figuras de bom caráter com personagens gananciosos.

Com características de um novelão clássico, Paraíso Tropical mostra a disputa entre um grande vilão e o mocinho, muito romance e a já conhecida história das irmãs gêmeas: uma boa e outra má. Como ingrediente adicional, apresenta ainda um casal de homossexuais bem resolvido. E, para movimentar o folhetim, Gilberto escala prostitutas no centro da trama, para apimentar a história que vai contar. "Não vou mostrar o turismo sexual do jeito que é. Para isso existe o Jornal Nacional. Mas a maneira como a prostituição vai aparecer na novela tem muito a ver com a realidade", avisa. Confira a entrevista com o autor.

P - Paraíso Tropical é uma novela que pretende mostrar um Brasil de ambigüidades e contrastes. O bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, é o melhor pano de fundo para contar uma história como essa?
R - Se é o melhor lugar não sei. Mas Copacabana é o lugar que eu estava com vontade de retratar. Vamos falar de turismo sexual e o bairro é um bom lugar para falar sobre o assunto. Sem contar que é uma ambientação diferente das que usei em minhas novelas anteriores. Ao lado do Corcovado, Copacabana é o lugar do Rio de Janeiro mais conhecido em todo o mundo. Não é à toa que as chamadas da novela começaram a ser feitas no exterior.

P - Suas novelas são sempre marcadas pelo glamour. Mas Copacabana não tem mais o charme dos anos 50, época em que você viveu no bairro. Vai mostrar a realidade atual do lugar e a prostituição como ela realmente acontece?
R - Vou mostrar a Copacabana atual, sim. Mas trabalho com glamourização. Não faço jornalismo. Acho que, na ficção, é preciso glamourizar um pouco. Quando fiz Pátria Minha, havia uma favela na história. Mas ela não era muito feia, não. Gosto de ver trabalhos não glamourizados feitos pelos outros. Nas minhas novelas, prefiro enfeitar. Não vou mostrar a prostituição do jeito que é porque acho que para isso já existe o Jornal Nacional. Dentro das possibilidades da ficção, no entanto, acredito que a prostituição mostrada na novela tem muito a ver com a nossa realidade.

P - Em uma entrevista, na época de Celebridade, você disse que já tinha retratado diversas classes em suas novelas e as únicas que não reclamaram de algo foram os empresários corruptos e as prostitutas. Está aí o motivo para colocá-las no centro da história?
R - (Muitos risos) Foi por acaso que escolhi falar das prostitutas e não porque elas não me aborreceram. Mas realmente é uma loucura. Você coloca uma enfermeira na novela, vem a associação das enfermeiras reclamar. Você coloca determinado profissional na história, vem alguém dizer que não é daquele jeito. Todo mundo quer ver o seu representante perfeito na tevê, sem defeitos. Se for assim, como é que a gente vai fazer tramas? Ninguém pode errar na história?

P - A cobiça é outro tema que você pretende enfocar. Em Celebridade, esse assunto também estava em pauta, personificado na personagem Laura, de Cláudia Abreu. Há alguma intenção de alertar as pessoas sobre esse tema?
R - Acho que a novela também tem o papel de alertar, mas isso vem sempre em segundo plano. Nossa primeira função é entreter. Se for possível, é claro que passamos idéias bacanas, que podem ajudar as pessoas. Tento passar algumas mensagens e reflexões, sim. Mas não quero ser didático ou chato.

P - Alessandra Negrini vai interpretar gêmeas em Paraíso Tropical. Esse recurso da gêmea boa e da gêmea ruim já foi usado inúmeras vezes por outros autores. Você prepara alguma novidade para trabalhar essa questão?
R - É muito complicado para mim falar sobre novidades, porque não vivo em busca de novidades no meu trabalho. A realidade é que não tenho tendência à originalidade, gosto mesmo do clichê. Acho até que fiz algumas coisas que foram consideradas novidades. Mas foi sempre por acaso, porque isso não é o meu alvo. Minha meta não é ser original, mas sim entreter. Por isso coloquei as gêmeas na história. Isso sempre foi muito fantasioso para mim.

P - Você afirma que cada ator foi escolhido a dedo. Por causa da gravidez de Cláudia Abreu, no entanto, as gêmeas passaram a ser de Alessandra Negrini. Isso muda muita coisa?
R - A Cacau ficou grávida, entra a Alessandra Negrini na novela e acho que vai ser bom para todo mundo. A Alessandra vai fazer um papel que, a princípio, não era destinado a ela. Mas pelas cenas que já vi, acho que vai arrebentar. Não posso dizer que sinto a ausência da Cláudia Abreu. Ela está trazendo uma criança ao mundo e isso é bom. E a gente não escolhe tanto assim o que acontece na vida. Só sinto a ausência da Joana Fomm, que não pôde integrar o elenco por motivo de doença. Mesmo assim, a Vera Holtz veio para fazer o papel e achei muito bom, porque nunca tinha trabalhado com ela.

P - Você já afirmou que é um "autor de patota". Mas a Malu Mader, sempre presente em suas novelas, ficou de fora desta vez. Como ficou a patota?
R - Não tinha uma personagem com a cara da Malu nesta novela e as pessoas vão perceber isso no decorrer da história. Mas ela vai ser protagonista da novela das seis e estou felicíssimo por isso. Tanto a Malu quanto a Cacau continuam na minha patota. Só que minha patota está aumentando, e com gente muito boa por sinal.

P - Em Paraíso Tropical, você vai explorar mais uma vez o mistério: "quem matou fulano de tal"?
R - É provável que exista um assassinato na última parte da novela, mas não de um personagem importante. Isso deve acontecer porque em 200 capítulos a gente tem de apelar para tudo com o intuito de conseguir distrair. O que não gosto é de ver a novela parar. Gosto de novela com muita história, com suspense. É bom ficar curioso para saber o que vai acontecer amanhã.

P - Na atual novela das oito, Páginas da Vida, há um casal de homossexuais que não teve a trama desenvolvida. Em Paraíso Tropical a história do casal de homossexuais terá destaque?
R - Em Paraíso Tropical os homossexuais são coadjuvantes, não têm uma trama ou história própria. Tudo pode mudar no decorrer do caminho, mas no caso deles acho difícil. Porque quando a gente escreve uma novela, é armado um esquema. E só mudamos esse esquema se alguma coisa der errado. Aí pode ser que o casal gay vá tapar algum buraco de uma trama que não deu certo. Mas inicialmente eles apenas influem na história dos outros. Achei que era bacana mostrar um casal gay bem aceito por todos os outros personagens. Em Celebridade, o Sérgio Menezes fazia um fotógrafo negro. A gente nunca se referiu ao fato dele ser negro na trama. Mas fazia bem à moral dos negros ver aquele cara bonitão e bem-sucedido na novela, sem ninguém ficar falando que ele era negro. Mostramos que ele era como os outros. Estou fazendo um carinho na auto-estima dos gays para eles se verem bem representados.

Casamento profissional
Paraíso Tropical é o sétimo trabalho de Gilberto Braga ao lado do diretor Dennis Carvalho. Quando é questionado sobre a possibilidade de trabalhar com outro parceiro, Gilberto insinua até ter esse desejo, mas não tem muita vontade de correr riscos. "Se estou casado e bem com alguém, não vou me separar por causa de outro. E é difícil alguma parceria dar tão certo como a nossa", afirma. Para ele, um dos segredos da feliz parceria é a maneira como os dois trabalham. "Não disputamos poder e isso nos ajuda muito", opina.

Mas Gilberto Braga alimenta relações duradouras também com outros autores, que são seus colaboradores. Com Sérgio Marques e Angela Carneiro, por exemplo, está junto desde O Dono do Mundo. Em Paraíso Tropical, Gilberto Braga dá continuidade à parceria com Ricardo Linhares, com quem já trabalhou em Celebridade. "Já fiz tramas demais e algumas coisas pra mim são chatas. Preciso do entusiasmo do Ricardo, do brilho no olho, que ele tem mais do que eu", diz.

Autor surpreendido
Quando cogitaram o nome de Camila Pitanga para encarnar Bebel, a prostituta principal da novela Paraíso Tropical, Gilberto Braga assume que não conseguia ver a atriz naquele papel. Para ele, a atriz é a imagem perfeita da boa moça, de uma princesa moderna.

"Eu não via sacanagem na Camila para que ela desse vida a essa personagem", justifica o autor. Bastaram algumas cenas gravadas para Gilberto se surpreender. E dar o braço a torcer. "Ela tem sacanagem, sim. Está me provando que é a própria cachorrona", diz, com ar de satisfação.

Trajetória Televisiva
# Corrida do Ouro (Globo, 1974) - colaborador
# Helena (Globo, 1975) - autor
# Bravo! (Globo, 1975) - colaborador
# Senhora (Globo, 1975) - autor
# Escrava Isaura (Globo, 1976) - autor
# Dona Xepa (Globo, 1977) - autor
# Dancin' Days (Globo, 1978) - autor
# Água Viva (Globo, 1980) - autor
# Brilhante (Globo, 1981) - autor
# Louco Amor (Globo, 1983) - autor
# Corpo a Corpo (Globo, 1984) - autor
# Anos Dourados (Globo, 1986) - autor
# Vale Tudo (Globo, 1988) - autor
# O Primo Basílio (Globo, 1988) - autor
# Lua Cheia de Amor (Globo, 1990) - supervisor de texto
# O Dono do Mundo (Globo, 1991) - autor
# Anos Rebeldes (Globo, 1992) - autor
# Pátria Minha (Globo, 1994) - autor
# Labirinto (Globo, 1998) - autor
# Força de um Desejo (Globo, 1999) - autor
# Celebridade (Globo, 2003) - autor
# Paraíso Tropical (Globo, 2007) - autor

 

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