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Páginas da Vida
Domingo, 28 de janeiro de 2007, 11h40 
Perto do final, "Páginas da Vida" parece ainda estar no início
 
Mariana Trigo
 
Willian Andrade/TV Globo/Divulgação
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Manoel Carlos reinventa o tempo em Páginas da Vida, da Globo. A trama se aproxima do fim e restam aproximadamente 40 capítulos para serem exibidos. Mas a sensação que se tem é que o caleidoscópio urbano do autor ainda está no início. Histórias vendidas como polêmicas no início da novela ainda nem começaram a se desdobrar, como é o caso da Síndrome de Down de Clara (Joana Mocarzel), ou mesmo a aids, do soropositivo Gabriel (Miguel Lunardi).

Leia o resumo da novela

Pessoas especiais e portadores de vírus eram promessas da novela, que iria abordar questões de como educação em escolas comuns ou especializadas, exclusão social e o preconceito que as próprias famílias têm ao lidar com parentes com as síndromes de Down ou da Imunodeficiência Adquirida. Essa abordagem didática ficou em segundo plano quando o diretor Jayme Monjardim passou a explorar o que de mais interessante a pequena Joana poderia oferecer: a espontaneidade.

O foco foi alterado quando o diretor se deu conta que tinha nas mãos as cenas mais naturalistas que Maneco poderia propor: Joana Mocarzel não teria um roteiro fechado, mas cada cena da criança seria um exercício de improviso para os atores envolvidos.

E com a mesma esperteza audaz de quem deixa para depois o desenrolar de suas polêmicas propostas lá no início, Maneco continuar a brincar de Deus - como ele mesmo diz - com seus mais de 100 personagens. Enquanto atores de destaque como Leandra Leal ou Nathália Timberg aparecem em média uma vez por semana com suas personagens - muitas vezes se confundindo até com o elenco de apoio da trama -, Maneco continua a reger a orquestra ao seu bel prazer. Afinal, como o próprio nome diz, Páginas da Vida é um mosaico do cotidiano. É quase um livro de crônicas que se entrelaçam. Não existe um fio do condutor como na maioria das novelas.

A cada capítulo, Maneco derruba arquétipos. Lilia Cabral, que interpretaria a maior vilã da trama com sua intragável Marta, por exemplo, transformou-se em uma mulher amarga e sofrida, graças ao talento da atriz. Afinal, é difícil considerar vilã uma mulher que já tem a triste sina de ser casada com o "mané" Alex, do excelente Marcos Caruso, que mal consegue pagar uma mera conta de luz.

Essa lente de aumento que o autor apresenta é como colocar o dedo em muitas feridas. Só é triste constatar que o autor insiste em jogar alguns tabus para debaixo do tapete. Já que Maneco se dispôs a colocar na trama o casal gay Rubens e Marcelo, de Fernando Eiras e Thiago Picchi, não dá para entender porque ambos se tratam com tapinhas nas costas e expressões como "e aí, cara?". Se não é possível representar um casal gay de forma naturalista, não há motivos para abordar a homossexualidade, pois nada é acrescentado à trama.

Também nada justifica a insistência em depoimentos cada vez mais pessimistas no encerramento dos capítulos. Independentemente do desfecho da cena final, a edição sempre parece esperar o telespectador com um balde de água fria nas mãos. O apelo sensacionalista dos relatos simplesmente esteriliza a graça e o humor de muitas cenas. Elas fazem esquecer que novela, além de revelar dramas, também deve proporcionar entretenimento.
 

TV Press
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