João Miguel Júnior/Globo/Divulgação |
A novelista Glória Perez |
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Há quase 30 anos, a acreana Glória Perez sonhava em escrever uma trama sobre o seu estado. Mas só agora, tanto tempo depois, a autora de O Clone e América conseguiu realizar o desejo de produzir uma minissérie sobre a pouco conhecida história do povo acreano.
Leia o resumo de Amazônia
Tudo graças ao desenvolvimento de novas tecnologias e equipamentos que permitem gravar no meio da floresta amazônica. "O Acre tem algumas das mais bonitas páginas do passado brasileiro", opina. Por essas e outras, Amazônia - De Galvez a Chico Mendes, que estreou no dia 2, na Globo, tem um sabor especial para Glória. "A minissérie apresenta lendas e mitos que fizeram parte da minha infância", emociona-se.
Como é contar a história do Acre desde o início da exploração da borracha até o assassinato do seringalista Chico Mendes?
É absolutamente emocionante, um resgate de vida. Além de ser uma história belíssima. A conquista do território acreano explica porque a Amazônia não deixou de ser brasileira já no início do século passado. Certamente o mapa do Brasil seria diferente e o da Bolívia também se o Bolyvian Sindicate, consórcio internacional criado pela Bolívia para administrar o Acre, tivesse se estabelecido lá, com o direito de explorar a região e de manter tropas regulares ali. Na minissérie aparece a discussão que já existia sobre o que fazer com a floresta amazônica. E o assunto continua em pauta até hoje.
Qual foi a sua principal motivação para escrever sobre o Acre?
Acredito que a televisão tem o poder de mudar a realidade e de promover uma discussão nacional a respeito de um tema. Desejo que a minissérie contribua para fortalecer projetos que preservem a floresta sem esquecer quem vive nela e dela e que desde sempre aprendeu a manejá-la sem destruí-la. Acredito que o público vai ficar pasmo toda vez que assistir à minissérie. A história é tão bonita, de tanta riqueza humana e tão cheia de vida, de dramas e de tragédias que parece até ficção.
A história do Acre ainda é desconhecida?
É. Nem sequer figura nos livros escolares. Ninguém aprende sobre o Acre na escola, já reparou? Por isso, está sendo um prazer enorme escrever a minissérie. Quando fomos gravar por lá, tivemos a adesão e o apoio absoluto tanto do governador do estado quanto do povo. Recebi documentos e fotos de família de muitos acreanos que gostariam de ter sua história retratada na trama. Lá no Acre, o sentimento de comprometimento com a terra é muito grande. Todo acreano conhece sua história, cultua seus heróis e sabe cantar seu hino. Nós temos memória!
Existem personagens que foram inspirados em pessoas que você conheceu?
Sim. Não da minha família, mas de figuras que conheci e tiveram uma importância local. O padre José, por exemplo, era um personagem querido e conhecido por todos nós. E continua vivo na memória do povo. Não existe no Acre quem não tenha conhecido o padre José! Outra figura importantíssima da região que ainda vou retratar na minissérie é o poeta Juvenal Antunes, que tem uma obra maravilhosa.
Quando você começou a se dedicar exclusivamente à minissérie?
Logo depois de América. Acabei a novela, parei um mês para descansar e comecei a fazer a pesquisa. Foi um desgaste. Afinal, são 100 anos de história. Apesar de eu ter crescido escutando relatos da história do Acre, durante a pesquisa, descobri fatos que desconhecia. Principalmente sobre figuras pouco faladas, como Galvez e o advogado José de Carvalho, que foi o primeiro a expulsar os bolivianos do Acre. Já a parte ficcional da minissérie foi inspirada em dois romances muito lidos no Acre: O Seringal, escrito por Miguel Ferrante, meu pai, e Terra Caída, de José Potyguara.
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