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Páginas da Vida
Domingo, 31 de dezembro de 2006, 12h00 
Doenças em "Páginas da Vida" têm efeito depressivo
 
Gabriela Germano
 
TV Globo/Divulgação
Miguel Lunardi interpreta o soropositivo Gabriel
Miguel Lunardi interpreta o soropositivo Gabriel
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Páginas da Vida está doente. Sofre da síndrome da obviedade. A novela das oito tem problemas para as mais diferentes especialidades médicas. Não é o primeiro folhetim de Manoel Carlos a incluir questões ligadas à saúde. Muito pelo contrário. O autor sempre se caracterizou pelo interesse em conscientizar o público sobre problemas de comportamento, clínicos ou sociais.

Leia o resumo da novela

Nesse embalo, ele pontua suas histórias com os dramas médicos vividos pelos personagens. Um bom exemplo é Laços de Família, de 2000. Em meio às várias tramas enfocadas, foi marcante o sofrimento de Camila, de Carolina Dieckman. O martírio da personagem com leucemia impulsionou um grande movimento pela doação de medulas em todo o País.

Mas em Páginas da Vida, há doentes demais. E, no lugar de chamar a atenção aos problemas de saúde e imprimir realismo à história, tanta doença apenas cansa. Diferente dos trabalhos anteriores, Manoel Carlos não teve cuidado em controlar a dosagem. Injetou tudo ao mesmo tempo na história, transformando a novela em um Plantão Médico.

É edificante incluir em uma obra de ficção aspectos educativos. Mas antes de tudo, o folhetim é um produto de entretenimento, que diverte e emociona. O problema é que em Páginas da Vida alguns personagens parecem que só existem em função da doença. Miguel Lunardi, que encarna o soropositivo Gabriel, em sua primeira aparição já estava quase morrendo em decorrência da aids.

A pequena Carolina Oliveira, que interpreta Gaby, não pôde ao menos curtir o reencontro com seu pai na trama. Enfrenta uma bateria de exames para descobrir que problema tem. Era para ser hepatite C, mas em comunicado oficial, a Globo já avisou que o autor mudou de idéia. Sem contar o veterano Umberto Magnani, que dá vida ao personagem Zé Ribeiro. Foi só surgir na novela para encarar uma cirurgia do coração. É drama demais e descontração de menos para um público que, ao acompanhar uma novela, também quer relaxar e se divertir.

Eduardo Lago, o alcoólatra Bira, e Pérola Faria, a bulímica Giselle, até que foram um pouquinho mais sortudos. Para retratar de maneira mais fiel como essas doenças dominam suas vítimas progressivamente, tiveram seus dias de vida saudável no começo da história. Escassos dias. O que está programado para os dois, no entanto, é ainda mais sofrimento nos próximos capítulos. E, para os telespectadores, incontáveis cenas em hospitais, com sofrimento e choradeira por todos os cantos.

É preciso acrescentar ainda os males preferidos de Manoel Carlos. Renato, de Caco Ciocler, precisa de uma cadeira de rodas para se locomover depois que sofreu um acidente de carro. Não vai ficar paraplégico, mas as dificuldades que enfrenta lembram Assunção, personagem de Nuno Leal Maia em História de Amor.

Em determinado momento da história, tornou-se um portador de deficiência física e liderou um movimento em favor da inclusão das pessoas que tinham dificuldades de se locomover e viver em sociedade. Ainda como uma decorrência do acidente, Renato sofre de impotência sexual. Mesmo problema que atingiu Viriato, papel de Zé Victor Castiel em Laços de Família. Bira, além de todos os problemas com a bebida, também deve entrar para esse "clubinho".

Inserir na ficção temas polêmicos que afligem a população com o intuito de despertar nas pessoas o interesse pela busca de soluções - o chamado "merchandising social" - é, sem dúvida, uma importante contribuição das telenovelas. Agora enfileirar mazelas de saúde numa trama sem grandes atrações parece uma solução apelativa e uma manipulação rasteira dos sentimentos de compaixão e de solidariedade do telespectador. Do jeito que a coisa anda, o público de Páginas da Vida terá de torcer para que nenhum câncer apareça por aí.
 

TV Press
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