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Páginas da Vida
Sábado, 23 de setembro de 2006, 10h00 
"Não vou dar um tapa na Marta", promete ator de Páginas da Vida
 
Mariana Trigo
 
Luiza Dantas/TV Press
Marcos Caruso vive o personagem Alex de  Páginas da Vida
Marcos Caruso vive o personagem Alex de Páginas da Vida
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Marcos Caruso se autodefine como um ponto de exclamação. Do alto de seus longilíneos 1, 92 m de altura, o ator, que interpreta o submisso Alex em Páginas da Vida, assegura que é um curioso nato. "Minha frase exclamativa é 'Oh'. Isso porque me espanto com tudo. Sou um curioso pela vida", enfatiza o paulistano de 54 anos, que desde os sete anos de idade já sabia que seria ator.

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Naquela época, Marcos pegava caixas de frutas e, com os retalhos de tecidos da avó costureira, fazia pequenos fantoches e cortininhas de palco e montava historinhas para entreter as clientes dela. "Ali nasceu o cenógrafo, figurinista, ator, diretor e autor", exagera, com gestos extensos.

Daí em diante, a atuação esteve presente na vida do ator, mesmo quando ele decidiu estudar Direito. "Em último caso, eu vestiria a beca e, ainda assim, estaria num palco", brinca o ator, que pela terceira vez atua numa trama de Manoel Carlos. Com o resignado personagem da novela das oito da Globo, Marcos realiza um contraponto com a amarga Marta, de Lilia Cabral. "O mais importante é a redenção da Marta. Estou esperando a oportunidade de falar para ela que nem sempre as coisas acontecem como planejamos. Na vida a gente pega um limão e faz uma limonada. Não vou lhe dar um tapa na cara", diz. Leia a seguir a entrevista com o ator:

P - Muitos criticam as atitudes vilanescas da Marta, personagem da Lilia Cabral. Você não acha que a passividade do Alex diante de sua profissão também não contribui para os atos da Marta?
R - O Alex é um homem subjetivo e emocional que vive num mundo imediatista, consumista e descartável. A forma de lutar contra é tentar conjugar menos o verbo ter. A Marta é racional, objetiva. Ele é o contraponto dela. Isso trago de mim também. Tenho muito do Alex. Sou essa pessoa que se preocupa com o outro. Preciso ter alguém para cuidar, seja mulher, filho, cachorro, vizinho, empregada. Está muito prazeroso porque estou tendo um retorno pessoal muito grande e exercitando, através de um personagem, essas qualidades humanas que acabam se perdendo no dia-a-dia, não parar para enxergar o próximo.

P - Esse lado humanizado do Alex se destaca pela Marta ser uma personagem absolutamente distinta. Qual o cuidado que você e a Lilia tiveram para que essa disparidade não ficasse tão maniqueísta num texto do Maneco, onde tudo é tão naturalista?
R - O Manoel Carlos é um sábio nesse sentido. Ele não coloca um personagem na novela que não exista na realidade. Às vezes ele sublinha com tintas mais fortes. Poderia ser menos, mas se ele põe menos, concorre com a realidade e as coisas podem passar meio desapercebidas. Na medida em que ele sublinha, ele chama a atenção para o fato. Você pode até ser contra, se indignar com o que a Marta faz, mas não pode dizer que não exista gente assim, que não existam casais que se unam por serem opostos, aquela coisa dos pólos opostos.

P - Você acredita que a virada do personagem vai acontecer quando ele descobrir que a Marta deu a neta com síndrome de down?
R - Nesses cinco anos que se passaram na história, o Alex rejuvenesceu. Isso porque ele tem novos estímulos de vida. Ele hoje é pai, mãe, avô e avó ao mesmo tempo. Ele tem o trabalho. Tudo isso é motivo para estar bem. A relação com a Marta está acabando, eles não fazem mais sexo porque foi um trauma violento saber que a mulher foi a responsável pela morte da filha. Quando ele souber que a menina existe e que a mulher a escondeu dele, o Alex vai tomar uma atitude, mas nunca será violento. Mais que a virada dele, o mais importante é a redenção da Marta. Estou esperando a oportunidade de falar para ela que nem sempre as coisas acontecem como planejamos. Na vida a gente pega um limão e faz uma limonada. Não vou lhe dar um tapa na cara.

P - Com a transformação dos vilões nas novelas, que antes eram radicalmente maus e hoje têm mais maleabilidade nos sentimentos e muitas vezes humor, você classifica a Marta como vilã?
R -Não. A vida foi vilã com ela. O Maneco já demonstrou que ela foi rejeitada pelo pai, batalhou a vida inteira e não conseguiu aquilo que a irmã conseguiu com menor esforço, no sentido material. As pessoas pautam suas vidas por determinados caminhos. O caminho dela é do "ter", então enquanto ela não tiver grana, não será feliz. Mas isso não quer dizer que ela tenha vocação para a infelicidade. É uma deficiência psicológica. Isso faz com que ela se torne má em alguns momentos. A Lilia borda filigranas na personagem. É uma atriz que faz a comédia com a chave do drama. Não a comédia piada, mas o rir de si mesmo. É raro encontrar numa atriz essa capacidade de brincar com esses elementos e passear por esses estilos de interpretação. E ela consegue fazer uma vilã que não é odiada. As pessoas ficam indignadas "como essa mulher pode fazer isso?".

P - Você tem uma longa trajetória na comédia como autor, diretor e ator no teatro. É mais instigante vir da comédia e exercitar o drama?
R - É muito mais prazeroso. Você sabe que está fazendo uma cena que resulta dramática, mas vivencia a cena com um bom humor entre aspas. Sempre digo que feliz é o homem que ri de si mesmo. Eu, por exemplo, sou careca. Vou fazer o quê? Não tenho cabelo. Tenho 1,92 m de altura e pareço uma lombriga. Eu sou um poste. Tenho de admitir que esses meus defeitos fazem parte do meu ser. Quando abro os braços, tenho 1,92 m de extensão. Sou um ponto de exclamação. Se eu já me vejo dessa forma, estou com meio caminho andado para entender o meu destino. Mas se eu quero disfarçar a careca, fingir que não sou tão magro, fingir que não sou tão alto, vou virar uma pessoa curva, que vai olhar os outros de baixo para cima. O meu drama vai ser muito maior. Talvez eu leve isso para os meus personagens e para as cenas.

P - Se você se acha um ponto de exclamação, com que frase exclamativa você se definiria?
R - Com "Oh!". Eu me espanto com tudo. Sou um curioso pela vida. Por isso eu consegui abraçar um leque imenso de possibilidades que minha profissão me deu. Já dirigi, escrevi e atuei em televisão, cinema e teatro - só em cinema que não dirigi. Quanto mais as coisas se apresentarem na minha frente, mais eu vou fazer "oh!" no sentido de exclamar diante do novo. Sou um prato cheio para um analista. Sou extremamente prolixo, ansioso, curioso. Nunca pensei que fosse fazer drama na televisão. A televisão nunca me aproveitou como comediante. Isso é inacreditável. Eu não fiz uma novela cômica ainda. Quero fazer! Quero atuar numa novela do Walcyr Carrasco às seis.

P - Falando nisso, o Silvio de Abreu já convidou você três vezes para escrever novelas. Você já chegou a escrever duas, o Braço de Ferro, na Band, e A História de Ana Raio e Zé Trovão, na Manchete. Por que você reluta em voltar a escrever?
R - Porque sei escrever novelas. Parece que estou me gabando, mas sei que vou fazer bem e, se fizer sucesso, vou fazer a próxima e mais outra e outra. Assim fico preso para o resto da minha vida escrevendo, ganhando bem, viajando, tendo poder e prestígio, vou ter muito status, não vou mais saber viver sem aquela grana. Isso me amedronta porque a necessidade é mãe da criatividade. Quanto mais necessitado eu sou, mais me torno criativo. Se eu fosse um ator ou diretor medíocre, ok. Mas não sou. Sou um ator que tem o seu espaço. Quero manter o que conquistei. Posso fazer uma novela daqui a cinco anos, não importa. Meu espaço está lá. Quero fazer cinema, tevê, teatro, quero tudo. Seria um caminho sem volta. Talvez uma minissérie, que são 40 capítulos...

P - Que estilo você seguiria se escrevesse tramas para a Globo?
R - A Globo é uma sapataria com sapatos para todos os gostos e tamanhos. Eu sou mais urbano como o Gilberto Braga, mas sem aquele glamour. Acho que seria um autor de novela das seis ou das sete, de humor, com ritmo, mais para Walcyr Carrasco, mas sem ser de época.

"Workaholic" assumido
Marcos Caruso garante que está numa fase de ebulição profissional, mesmo fora da tevê. Afinal, recentemente foi lançado o longa Trair E Coçar É Só Começar - protagonizado por Adriana Esteves -, baseado na obra escrita por ele e que está em cartaz há 20 anos.

Fora isso, Reynaldo Gianecchini acaba de estrear em São Paulo outra peça assinada por Marcos: "Sua Excelência, o Candidato", que já foi encenada há 15 anos. Isso sem falar em Operação Abafa, que está em cartaz no Rio e conta com o próprio Marcos Caruso no elenco. "Desde 1991 nunca fiquei com menos de três trabalhos simultaneamente", enumera.

Na verdade, o maior hobbie do ator é realmente o trabalho. E se dedica em tempo integral. Sua inquietude de um típico "workaholic" paulistano, o fez ficar apenas metade de um ano fora dos palcos em 34 anos de carreira. "Quero ser aplaudido e reconhecido, mas não vou virar um pavão. Sempre fundei grupos de teatro por onde passei. Isso tudo é conseqüência", valoriza.

Integridade em evidência
Marcos Caruso é um ator bissexto na tevê. Mas, apesar de volta e meia ficar anos distante da telinha, o ator se derrete ao falar sobre seus papéis preferidos em novelas, sempre homens íntegros, como o honesto Virgulino de Éramos Seis, exibida em 1994 no SBT. Outro xodó da carreira de Marcos é o Carlão, seu personagem em Mulheres Apaixonadas, até hoje lembrado pela surra que deu em sua malcriada filha Dóris, de Regiane Alves, na trama de Manoel Carlos.

"Eu só bati uma vez em 180 capítulos e esta é a cena em que mais se lembram de mim na tevê. Ele até tem um perfil parecido com o Alex. Parece primo", compara.

Trajetória Televisiva # Aritana (Tupi, 1978) - Marcolino
# Roda de Fogo (Tupi, 1978)
# Floradas na Serra (Band, 1981)
# A Filha do Silêncio (Record, 1982)
# Braço de Ferro (Band, 1983) - Autor
# Pantanal (Manchete, 1990) - Tião
# O Canto das Sereias (Manchete, 1990) - Hélio
# A História de Ana Raio e Zé Trovão (Manchete, 1990)
# O Fantasma da Ópera (Manchete, 1991) - Ronald Figueiredo
# Éramos Seis (SBT, 1994) - Virgulino
# Sangue do Meu Sangue (SBT, 1995) - Giorgio
# Serras Azuis (Band, 1998) - Rivaldino
# Presença de Anita (Globo, 2001) - Gonzaga
# Coração de Estudante (Globo, 2002) - Raul
# Mulheres Apaixonadas (Globo, 2003) - Carlão
# Como Uma Onda (Globo, 2004) - Dr Prata
# JK (Globo, 2006) - Lúcio Costa
# Páginas da Vida (Globo, 2006) - Alex

 

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