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Páginas da Vida
Sábado, 5 de agosto de 2006, 10h00 
"Sempre faço safados mesmo", diz José Mayer
 
Mariana Trigo
 
Luiza Dantas/TV Press
José Mayer vive o dissimulado Gregório em  Páginas da Vida
José Mayer vive o dissimulado Gregório em Páginas da Vida
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José Mayer exercita diariamente seu ares de conquistador. Seja com o lado mulherengo de seus personagens ou num inflamado discurso sobre a importância das mulheres em sua vida, o ator às vezes chega a se confundir com os papéis que normalmente interpreta na tevê. Na pele do dissimulado Gregório em Páginas da Vida, da Globo, o ator reconhece que não é um ator camaleônico, daqueles que muda completamente de um personagem para o outro. "Sempre faço safados mesmo", disse.

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E com a experiência de quase 30 anos de carreira televisiva - estreou como o Burro Falante do Sítio do Picapau Amarelo, em 1977 -, o ator de 56 anos constata que é escalado para seus papéis como um jogador de futebol. E sempre joga na posição que é craque: no ataque, em seu posto de "garanhão de plantão". "Mas meu prazo de validade vai terminar em breve. Em alguma hora vou ter de parar com isso, não é?", insinua, com seu manso discurso de mineiro de Paraguaçu misturado ao mesmo sorriso malicioso de seus personagens. Leia a seguir a entrevista com o ator:

P - Você sempre fez galãs, mas o Gregório, além disso, parece ser quase um vilão. Como você analisa essa faceta dúbia de caráter, que acrescenta um elemento novo aos personagens mulherengos que você sempre faz?
R - O Gregório tem possibilidades maravilhosas, milhares de facetas para um ator. Mas, antes de tudo, ele não é um cafajeste, apesar de ter nuances de vilania. Ele é um safado, tem qualidades e problemas, é muito humanizado, mas com um leque de atitudes. Antes de tudo é um homem ambicioso. Ele se envolve com a amante Carmem, da Natália do Vale. Parece que ele está apaixonado, mas como ele administra os bens do pai dela, pode ser que seja puro interesse.

P - Então ele se revela um mau-caráter?
R - As circunstâncias propiciam a ambição dele. Por ser administrador dos bens da família da Carmem, ele está muito próximo do erro que deve cometer. Está muito perto do dinheiro e também das mulheres daquela família. Nada ainda mostra concretamente que ele esteja roubando. Eu detestaria fazer um vilão típico. Mas, como diz o Maneco, a sinopse é uma coisa que ele adora contradizer. Acho sinceramente que ele esteja roubando o Tide (personagem de Tarcísio Meira). Mas vamos convir que todas as Helenas do Maneco são mulheres fortes e uma delas não teria se casado com um homem que não tivesse um mínimo de qualidades.

P - Esta é a terceira vez que você se envolve com uma Helena do Maneco. Onde você busca uma renovação para estar na função do marido ou namorado de uma Helena?
R - A minha primeira foi na volta do Maneco para a Globo, em História de Amor, onde também contracenei com a Regina Duarte, em 1995. Mas esse personagem, o Gregório, em comparação aos anteriores, tem uma ambigüidade interessante, o que o torna mais humano. A minha renovação está no texto mesmo, em cada novela. Todas são campos minados. Você não sabe o que vai acontecer, onde está pisando.

P - Principalmente quando se trata do Maneco...
R - Aí é uma guerra (risos). Essa é a novela do auge da maturidade dele como autor. Ele é um grande humanista, um exímio cronista da nossa época, da contemporaneidade, da vida urbana. Nas tramas dele, mais do que a variedade de acontecimentos, o que se destaca é a profundidade dos acontecimentos. O público já se acostumou com essa verdade, com esse espelho da vida que está presente em seu texto, com toda sua sensibilidade feminina.

P - As mulheres são muito fortes nas tramas do Maneco, o que faz com que os personagens masculinos fiquem em segundo plano. Isso incomoda?
R - Vejo isso claramente não só nas novelas dele, mas no mundo. É bom que seja assim. As mulheres são as propulsoras de mudanças, de modificações que eu acho sempre bem-vindas. Acho que seria bom se elas tivessem mais espaço principalmente na vida pública do Brasil. Digo que no microcosmo da minha vida, no meu universo particular, eu sinto a força delas. Sou outro depois das mulheres da minha vida. Se dependesse de mim, eu seria um pulha, um merdinha. As mulheres me revolucionaram muito na vida, me apuraram a sensibilidade. Todas em geral e as minhas, que são minha mulher Vera e minha filha Júlia. Elas afiam a sensibilidade do homem. Mas não acho que nas novelas do Maneco os homens sejam subalternos. Elas que são a parte mais ativa dos acontecimentos.

P - Esse é um típico discurso dos seus personagens, que sempre se envolvem com muitas mulheres. Como você lida com o fato de sempre fazer personagens mulherengos?
R - (risos). Isso está apenas no script. Por prazo de validade, vou ter de acabar deixando de ter essa função num breve futuro. Vai chegar uma hora que eu vou ter de acabar com essa fama, não é? Meu prazo de mulherengo vai se esgotar logo. Mas o Maneco vê em mim essa função como ator. Eu não ligo. Vou lá e faço esse papel numa boa. Não é ruim e nem me incomoda.

P - Mas você não prefere fazer papéis com outras possibilidades?
R - Claro que um ator ambiciona e deseja fazer coisas diferentes. Mas, às vezes, nos pegamos confinados em determinados tipos de papel. Isso acontece muito comigo. É como num time de futebol. Cada um joga bem em determinada função. Não quero ficar numa prateleira, compartimentado. Mas tenho alguma variedade de papéis a meu favor. Sei que não sou um ator camaleônico, não sou mutante em algum sentido na tevê. Sou um ator dramático, indicado para papéis românticos. Reconheço essa minha especialidade e isso não me incomoda. Muito pelo contrário. Sendo assim, tenho realizado trabalhos que são tão inesquecíveis para mim. Também recebo uma resposta afetiva e carinhosa do público. Isso é o que importa.

P - Quais desses trabalhos você destacaria como os mais relevantes na sua carreira?
R - Tenho alguns em primeiro plano, como o Osnar de "Tieta", o Jorge do Bandidos da Falange, que foi meu primeiro trabalho do Aguinaldo Silva, o Zé do Burro do Pagador de Promessas, do Dias Gomes, o Doutor Carlos de História de Amor e o escritor Fernando de Presença de Anita. Esse era um canalha típico, um suicida, kamikaze. Um louco delicioso. São todos personagens muito bons.

P - No seu rol de preferidos estão dois personagens de Aguinaldo Silva e dois do Manoel Carlos. Você já atuou em cinco tramas de cada um deles. Existe algum motivo para este empate?
R - Na verdade é uma coincidência. São os dois autores que eu mais interpreto e os que eu mais gosto de trabalhar. Fiz quatro novelas de cada um e uma minissérie de cada. Estou adorando esse confronto (risos). São autores muito distintos, cada um tem um universo muito particular e com eles colhi sucessos incríveis que me lembro com carinho.

P - Seu último personagem do Aguinaldo era o jornalista Dirceu em Senhora do Destino, muito sério e ético. Já com o Maneco seus personagens são mais mulherengos. Você identifica essa dubiedade?
R - O que me regula com eles é a alternância de perfis mesmo. Mas é um ritmo que independe da minha escolha. Agora, com o Gregório, eu tenho mesmo esse lado mais mulherengo. Tenho quatro possibilidades de caminhos amorosos para ele. Tem a ex-mulher, a Helena, a amante, que é a Carmem, um "affair" bem rápido, que é com a Paixão, personagem da Débora Rodrigues, e uma outra possibilidade que o Maneco ainda não confirmou: a Sandra, personagem da Danielle Winits. A novela mal começou e tenho duas bifurcações. Isso já não é muito? É muito para mim!

Idealista atuante
Apesar de alcançar a fama como galã de novelas, a verdadeira paixão de José Mayer na atuação é o teatro. Desde quando concluiu o curso de Letras na Universidade Federal de Minas Gerais, ainda com 20 e poucos anos, o ator já sabia que sua trajetória seria mesmo como ator de teatro. Mas o interesse pelos palcos surgiu ainda nas aulas de oratória, no início da faculdade. Nessa época, ele estreou, em 1968, a peça Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar, o Bicho Come. Logo em seguida, foi convidado a dirigir um teatro em Belo Horizonte, onde chegou a produzir 11 peças. "É no teatro que consigo deixar de lado os sedutores que me acompanham na tevê para poder viver outros tipos, outras personalidades", desabafa.

O próximo projeto do ator nos palcos está sendo idealizado passo-a-passo. Há alguns meses José tem lutado por patrocínio para montar a peça Um Boêmio No Céu, baseada na poesia do cancioneiro Catulo da Paixão Maranhense, escrita em 1943. A obra conta a história de um boêmio que morre, chega no céu e faz sua prestação de contas a Deus. "É lindo, de uma brasilidade extrema! Isso é o que me dá mais prazer na vida, o teatro!", empolga-se.

No limite
José Mayer, além de sempre atuar nas tramas de Manoel Carlos, adora uma característica do autor que costuma ser aterrorizante para muitos atores: a falta de frente das tramas. Ou seja, o autor costuma escrever cenas para serem gravadas de um dia para o outro, sem nenhuma antecedência.

"Isso faz com que o nosso trabalho fique na beira do abismo, é muito estimulante", garante o ator, que já atuou em outras tramas do Maneco, como Mulheres Apaixonadas, em 2003, Presença de Anita, em 2001, Laços de Família, em 2000 e História de Amor, em 1995.

Trajetória televisiva
# Sítio do Picapau Amarelo - (Globo, 1977) - Burro Falante
# Bandidos da Falange - (Globo, 1983) -Jorge Fernando
# Guerra dos Sexos - (Globo, 1983) - Ulisses
# Partido Alto -(Globo, 1984) - Piscina
# A Gata Comeu - (Globo, 1985) - Edson
# Selva de Pedra - (Globo, 1986) - Caio
# Hipertensão - (Globo, 1986) - Raul Galvão
# Fera Radical - Globo, 1988) - Fernando Flores
# O Pagador de Promessas - (Globo, 1988) - Zé do Burro
# Tieta - (Globo, 1989) -Osnar
# Meu Bem, Meu Mal -(Globo, 1990) - Ricardo Miranda
# De Corpo e Alma -(Globo, 1992) - Carlos Henrique
# Agosto -(Globo, 1993) -Alberto Mattos
# Pátria Minha - (Globo, 1994) -Pedro Fonseca
# História de Amor - (Globo, 1995) - Carlos Moretti
# A Indomada - (Globo, 1997) - Teobaldo Faruk
# Meu Bem-Querer - (Globo, 1998) - Martinho
# Laços de Família - (Globo, 2000)- Pedro
# Presença de Anita -(Globo, 2001) - Fernando
# Esperança - (Globo, 2002) - Martino
# Mulheres Apaixonadas -(Globo, 2003) - César
# Senhora do Destino -(Globo, 2004) - Dirceu
# Páginas da Vida -(Globo, 2006) - Gregório
 

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