Candidatos de 'Aprendiz 5' tentam vencer na malandragem

Se Roberto Justus representa o chefe intolerante a quaisquer deslizes de seus comandados, os candidatos de Aprendiz 5 - O Sócio fazem por merecer cada esculhambação que recebem.

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A produção do programa - exibido pela TV Record - conseguiu selecionar um time de levianos, singelos e indecisos candidatos a milionários, todos dotados de uma malandragem infantil. Tão infantil que se deixam filmar fazendo burrada atrás de burrada. Nem parece reality show, mas Chiquititas.

Os participantes chegam a assustar pela imaturidade. Não apenas profissional, mas emocional. A insegurança de cada um deles é assustadora e, mesmo protegidos pela couraça de ternos mal-cortados e gravatas medonhas, acusam cada golpe recebido nas bochechas coradas, nos lábios trêmulos e nos olhos apertados. Fica difícil saber quem vai chorar primeiro.

Certamente entre eles há pessoas potencialmente competentes em diversos ramos. Mas todos são realmente aprendizes em lidar com valores simples como honestidade, camaradagem e senso crítico.

Claro que o programa tem um roteiro cruel, que propicia acusações mútuas e nem sempre legítimas, já que certos problemas não podem ser imputados a uma única pessoa, mas a uma cadeia de erros que envolve todo um processo. Mas a resposta dos concorrentes sempre é a pior possível.

Em uma edição passada, um dos candidatos chegou ao requinte de afirmar que tinha dinheiro guardado para corromper um policial, caso fosse necessário. E, para relevar a frase, nem foi preciso uma autorização da Justiça para uma escuta telefônica.

Dessa vez, todos os candidatos simplesmente desrespeitaram as regras do próprio jogo. E depois ainda tentaram negar. Enquanto isso, esses futuros líderes natos não conseguiram cuidar de um bando de ariscos patos de borracha.

A esperteza, seja onde for, tem sempre a mesma origem: cobiça. De olho nos dois milhões de reais, os sócios presumidos inventam truques mirabolantes e se esquecem do óbvio de qualquer ofício: trabalhar duro, com discernimento e um pingo de criatividade.

Poderiam acrescentar bom humor, mas isso destoa um pouco do ambiente de Inquisição Espanhola do Aprendiz. O responsável pela sonoplastia do programa com certeza já trabalhou em filmes de terror.

Até hoje existem compradores de bilhetes premiados, de jóias raras vendidas a preços de banana e de outras barbadas. A crença do homem - e da mulher - em sua superioridade ante os demais é que torna imortal a frase do dono de circo e, numa conseqüência natural, político Phineas Taylor Barnum.

O americano que costurou macaco morto em rabo de peixe e o anunciava como uma sereia dizia que "nasce um trouxa a cada minuto". E eles sempre se acham muito espertos.